QUEIMADAS NAS REPORTAGENS DA GUERRA DE CANUDOS
" Gazeta de Notícias" do Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1897:
" Queimadas, aliás Vila Bela de Santo Antônio das Queimadas, é uma povoação modesta, construída à margem do Itapicuru- açu, que serve à população. Tem duzentas casas de péssima construção e proporções acanhadas, dispostas em ruas muito irregulares. Além da estação da linha férrea, tem a estação telegráfica e a agência do correio, únicas repartições civis, e menos ainda, quando o agente do correio abandonar a agência, porque, diz ele, hoje que tem muito serviço tiraram-lhe uma desgraçada gratificação 10$000 por mês.
A população da Vila retirou-se toda desde o início das operações em Canudos.
Queimadas é hoje um vasto quartel. Todas as casas estão ocupadas por militares: tem o quartel-general, a casa do comando da praça, a secretaria, o depósito de artigos bélicos, depósito de forragens, o hospital de sangue, farmácia militar dirigida pelo Capitão Isaías de Melo, quartel da guarnição, e tudo mais é ocupado por forças fixas e a seguirem para o campo de ação.
Existem umas dez casas de negócio, com mais ou menos garrafas vazias, pois em Queimadas não existe recurso de nenhuma espécie. Não existe aqui um ovo, um pé de couve, uma galinha, coisa alguma. A região é estéril, caatingas improdutivas: uma vasta queimada.
Tudo que aqui se consome vem de Vila Nova da Rainha, hoje cidade do Bonfim, distante daqui 20 léguas, 26 de Monte Santo e 24 de Juazeiro".
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" Aqui em Queimadas tem chegado muitos oficiais e praças feridas e extraviadas".
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"Aqui em Queimadas temos alguns paisanos que merecem menção. São: o senhor Leonidas Torres, que por parte do governador da Bahia não poupa despesas para servir a expedição: o senhor Anibal Galvão, fornecedor de gado, que deu montaria a todos os oficiais ( a personificação da atividade e do trabalho); o senhor Cortes, encarregado do gado, que muito tem obsequiado as forças; o incansável e bom Zuzu, cujo nome não sei, mas que é compadre de todos nós. Não há coisa que se peça ao Zuzu que não sirva imediatamente, com qualquer sacrifício".
Fonte: (Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag. 114/115)
Reportagem publicada em " A Notícia" do Rio de Janeiro, em 26/27 de Julho de 1897.
Estou finalmente, após muito trabalho e contrariedades, em Queimadas, base das operações da divisão de Canudos. À falta de hotéis, estou confortavelmente hospedado em casa do intemerato republicano, o Sr. Emídio Gonçalves Cortes, um dos mais destemidos e incansáveis auxiliares da divisão expedicionária.
Queimadas, logo que ocorreu o insucesso das expedições Pires Ferreira e Febrônio, começou a ser abandonada pelos seus habitantes, a principiar o êxodo pela fuga das suas autoridades municipais e policiais. Hoje está convertida numa verdadeira praça de guerra, com suas ruazitas de barracas, a sua enfermaria, a sua arrecadão de munições e de boca, toques de viola e serenatas, com tudo que se faz mister numa campanha.
Atualmente conta cerca de trezentos e vinte praças válidas, quinze oficiais, inclusive médicos e um farmacêutico, e trinta e duas praças enfermas de moléstias pouco importantes. Esta força pertence parte ao Exército e parte ao corpo estadual, sob as ordens do comandante da praça, o major do 5º Batalhão Nemésio de Sá...
Fonte: (Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag. 115)
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