terça-feira, 31 de janeiro de 2012

AS PRISIONEIRAS


"...Somente a 3 de setembro, na então vila de Queimadas, um dos
centros de operação contra os conselheiristas, avistou o jovem jornalista Euclides da Cunha um grupo de prisioneiras. Este primeiro contato com as jagunças estaria fadado a ter influência no processo de elaboração do grande livro. “Acabam de chegar, há meia hora”, escreveu o repórter da gazeta paulista, “nove prisioneiras; duas trazem no seio crianças de poucos meses, mirradas como fetos; acompanhamnas quatro pequenos de três a cinco anos”. E logo adiante: “Das mulheres, oito são monstros envoltos em trapos repugnantes, fisionomias duras de viragos de olhos zanagos ou traiçoeiros. Uma, porém, destaca-se. A miséria e as fadigas cavaram-lhe o rosto mas não destruíram a mocidade; a formosura ressurge,
imortal, a despeito das linhas vivas dos ossos apontando duramente no rosto emagrecido e pálido. Olhos grandes e negros em que se reflete uma tristeza
soberana e profunda”. “Satisfez a curiosidade dos circunstantes contando uma
história simples; uma tragédia em meia dúzia de palavras; um drama quase
banal agora, com o epílogo obrigado de uma bala certeira de Manulicher ou
estilhaço de granada”12. Na mesma localidade e no mesmo dia, um outro
homem de imprensa, Lélis Piedade, viu igualmente as pobres mulheres e deu
notícia do encontro aos leitores do Jornal de Noticias, de Salvador, diário
dirigido por Aloísio de Carvalho, o velho..."

Fonte: http://josecalasans.com/downloads/artigos/06.pdf

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