quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

JOEL AMÂNCIO DE SOUZA



Joel Amâncio de Souza

Nascido em Queimadas no ano de 1920. Filho de Manuel Amâncio de Souza e Jardilina Ferreira de Souza, sendo o segundo de seis irmãos: Celina, Celsina (falecida), Clemilda (falecida), João e Célia Amâncio de Souza.
Estando sua mãe grávida de sete meses, ouviu por três dias o choro do bebê ainda no ventre. No quarto dia, inesperadamente, deu á luz ao frágil garotinho que de tão pequeno precisava ser enrolado em algodão, já que nenhuma roupa cabia. O parto se deu com a ajuda de uma parteira na casa da família, construção na Av. Nonato Marques.
O menino batizado Joel com menos de uma semana foi dado como morto por não apresentar sinais vitais. Colocado em uma caixa de charutos estava sendo levado á capelinha de São José, onde eram enterradas as crianças, quando suspirou, ao que disseram: “Volta que o menino está vivo”, conta o próprio sorrindo.
Teve uma infância marcada pelos banhos de rios junto aos primos e pelos ataques de Lampião e seu bando à cidade.
Passado o tempo, aos 21 anos, Joel mudou-se para casa de parentes na capital baiana em busca de trabalho. Após uma semana de estadia na cidade empregou-se na empresa fabricante de cigarros Souza Cruz onde atuava no setor de serviços gerais.
Em pleno carnaval de 1942, estando na Rua Chile, expôs-se a uma forte chuva adoecendo, motivo pelo qual resolveu retornar à terra natal pedindo dispensa da empresa onde já trabalhava a mais de um ano.
Aqui chegou em 8 de maio de 1942 bastante enfermo, tendo ficado acamado por quatro longos anos nos quais sofreu de paludismo e reumatismo. Em 1947, já curado passou a compor a orquestra da cidade, onde tocava pandeiro.
Em 1950 foi convidado para trabalhar na construção do açude de Pedra Riscada, povoado de Cansanção, sendo responsável pela folha de pagamento dos demais funcionários, tempo em que conheceu na praça da feira local uma moça bem jovem chamada Davina. Em poucos meses rumou para Itiúba onde estava sendo construído o açude estadual para exercer a mesma função de pontador. Ainda no mesmo ano participou por quatro meses da construção de outro açude em Lagoa do Mari, Monte Santo.
Terminado este período, já com trinta anos, voltou para Queimadas, reassumindo o pandeiro na Orquestra Jaden Recreio. No mesmo ano reencontrou Davina que aqui veio morar. Os dois passaram a dividir o mesmo teto, só depois oficializando a união.
O casal passou a residir na Rua Professora Lourdes Lantyer local de nascimento dos quatro filhos que tiveram: Marlúcio, Eliete, Joelma e Jorge França de Souza. Tempo em que trabalhava como cobrador do serviço de luz, que era produzida por gerador e fornecida pela Prefeitura Municipal. Em meados de 1953 foi nomeado por Nonato Marques, então Secretário da Agricultura, para executar os serviços de jardinagem da Sementeira.
Em 1954 envolveu-se na campanha política de Mário Santana que pleiteava a administração pública do município. Tendo o mesmo vencido as eleições ofertou a Joel um cargo na Prefeitura. No ano seguinte deixou a Sementeira passando a laborar na coletoria, imbuído de arrecadar o imposto de indulto de produção, função na qual se aposentou 32 anos depois.
Em 1963, em pleno mandato de Analdino Andrade como prefeito, Joel Amâncio ocupou pela primeira vez uma cadeira na câmara municipal dos vereadores. Foi reeleito ainda mais cinco vezes, sendo presidente da casa por três mandatos, chegando inclusive a ocupar a prefeitura em razão da ausência temporária dos responsáveis.
Neste longo período como representante do povo foi responsável pela aprovação de inúmeros importantes projetos em benefício da cidade, como por exemplo, calçamento de ruas, construção do posto de saúde (hoje hospital Edson Silva) e do prédio da Câmara (antes um açougue), além de obras na zona rural e povoados que compõe o território de Queimadas.
Segundo O Sr. Joel, a política praticada naquele tempo nada tem haver com a dos dias atuais. “A vida política não é difícil. Depende do comportamento de cada um. Tem pessoas que enganam muito. Naquela época os prefeitos trabalhavam. Não havia esta corrupção. Os políticos eram mais preocupados com o bem estar do município. Os vereadores eram atuantes, apesar de não remunerados”, diz o mesmo que entrou com uma ação na justiça buscando receber retroativamente pelos serviços prestados. “Hoje não existe nada. Ninguém faz nada”, conclui desiludido.
Queimadas, na visão do ex-vereador, era uma cidade muito boa, “tinha banda de música, o povo era mais unido, mais tudo do que hoje. No meu tempo a escola preparava, hoje só tem conversa, o ensino é ruim. Os jovens não conheciam droga, jogavam futebol, era da escola para o campo. Eram mais respeitadores, agora eles passam mangando dos mais velhos. As mulheres? Meu Deus do céu. Só iam para as festas, eventos familiares de qualidade, acompanhadas dos pais ou responsáveis. Os vestidos chegavam ao tornozelo. Nem os joelhos ficavam expostos. Os banhos de rio eram tomados de roupa. Elas estavam sempre bem arrumadas, impecáveis. Os rapazes namoravam de longe. Ao contrário da devassidão dos tempos modernos. Não usavam bermuda e chinelo. O usual era calça, paletó e chapéu diariamente”, conta.
Seu Joel lembra que havia famílias tradicionais em Queimadas, e cita alguns chefes: Humbelino Santana, Anfilófio Teixeira, João Lantyer e Elias Marques. Conta que as regras morais eram rígidas. “A moça que perdia a virgindade sem que fosse casada estava literalmente perdida. Era isolada, banida da sociedade. Não sendo aceitas nas reuniões sociais, festas, nem mesmo podendo freqüentar a escola”. Escola que por sinal segregava homens e mulheres. Havia apenas três estabelecimentos de ensino na cidade. Na Praça da Bandeira funcionava a escola da Profª Ediméia destinada às meninas. Enquanto que as outras duas, da profª Lourdes no Chalé e da Profª Ceci abrigava os meninos. “As meninas estão tornando-se mulheres antes do tempo. Perderam a inocência. O mundo atual é muito diferente de antigamente. Dormíamos com as janelas abertas, não se usava grade. A violência é maior do que na época de Lampião”.
Seu Joel viveu o tempo em que não existia geladeira, TV, nem rádio em Queimadas, usava-se pote. “As pessoas liam mais. O aspecto da cidade atualmente é melhor, a meu ver, sendo esta melhoria devido à iniciativa particular”. Queimadas na descrição do ex-vereador resumia-se à Praça da Bandeira, outra praça mais embaixo e um campo de futebol que deu lugar à feira livre. Existia ainda o Alto da Jacobina com poucas casas e só. “Hoje vê-se muitos prédios.” No entanto considera grave a atual falta de oportunidade e trabalho que acomete os jovens que sem ideal e limite sucumbem às drogas e à prostituição. “O pior é essa juventude sem trabalho, sem oportunidade. As meninas em sua maioria perdidas e o vício do Crack. Não consigo ver solução para isso. Essa juventude aceita o pior. A devassidão, a falta de ocupação, de limites e a desestruturação familiar os leva a isso. Os jovens não respeitam mais os pais. Eu nesta idade não conheço droga. Não se falava nesse assunto no meu tempo. Não existia isso por aqui”.
As lembranças do ancião refletem uma dinâmica diferente da conhecida. “Na rua da estação, ao final da Itapicuru, numa casa de esquina tinha um cabaré, local onde os rapazes iniciavam a vida sexual, conheciam a vida mundana através das conversas que tinham com as “Donas”, mulheres que em sua maioria tinham sido casadas e que separadas viam-se socialmente excluídas terminando no meretrício. Elas ficavam expostas na janela á espera de fregueses, eram proibidas de circular livremente pelas ruas e principalmente de freqüentar a estação, pois era costume das moças da sociedade, muito bem trajadas, para lá dirigirem-se todas as tardes a fim de ver os trens e seus passageiros.
Morador da Praça da Bandeira há mais de trinta anos, Sr. Joel no auge dos seus respeitáveis 90 anos, tendo sido um exemplo de homem público, cumpridor do seu dever e fiel às próprias convicções afirma ser um amante da vida e das mulheres. “Não tem coisa melhor do que viver. É assim, eu com essa idade estou aqui com você contando histórias. Isso é bom demais. Agora, tem coisas, principalmente na época de hoje, que são horríveis. Com a idade o sono desaparece, o apetite diminui, as pessoas se distanciam, nos ofendem mais, não são respeitosas. Mas não importa, porque já vivi muito e os que se comportam desta maneira não sabem do que sei e nem se chegam lá. A gente sente aquele mal estar, vai perdendo a auto-estima e fica desmotivado. As coisas mudam, perdemos o querer. Já tive medo de morrer, hoje bem pouco.” Parou por um momento, disparando em seguida: “Eu gostaria de saber se dói. Se não sentir dor é tranqüilo. Deve haver um lugar onde a alma permaneça, pois acredito que a morte é só física. A alma é eterna. Afinal nós estamos aqui conversando e isso requer mais do que a matéria. Não sei se podemos ver o que acontece aqui e não acredito em reencarnação. Acredito na existência de Deus. Olho para o céu e vendo uma estrela oro. Sempre me questiono porque não vivemos mais. A gente vem, gosta, depois desgosta e morre. Eu gosto muito, mas me sinto cansado.”
Com a construção da nova Câmara Municipal de Vereadores, inaugurada em junho deste ano, o salão nobre da mesma, até então nomeada Joel Amâncio de Souza mudou de nome passando a homenagear o Senhor Humberto Belo da Silva.

Fonte: http://www.queimadasfm.com.br/qfm/2011/04/07/joel-amancio-de-souza-2/

SERAPIÃO ALVES DE ANDRADE



SERAPIÃO ALVES DE ANDRADE

Serapião Alves de Andrade, apelidado pela família de Sinhorzinho, forma como era mais conhecido, nasceu em Queimadas em 30 de outubro de 1927. Na ocasião, seu pai, Pedro Andrade, farmacêutico, encontrava-se em Quiginque para onde constantemente viajava a trabalho. Naquele tempo o meio de locomoção mais acessível era o animal, o que fazia de curtas distâncias uma longa e demorada viagem, motivo pelo qual quando retornou a Queimadas Dona Ana Carolina Andrade, apelidada de dona Rola, já havia há alguns dias, dado à luz ao menino batizado Serapião a pedido do pai em razão de uma visão que tivera onde três moças saindo de um buraco que falavam seqüencialmente este nome.

Segundo dona Terezinha, viúva do mesmo, ele dizia com graça: “meu nome é Serapião e meu apelido Sinhorzinho que já está dizendo bem o que fui no passado. Em alguma das reencarnações devo ter sido algum senhor de engenho ou de escravos”.

Ainda menino revelava à mãe de maneira insistente o desejo de deixar sua terra natal em busca de novos horizontes. Promessa que cumpriu com menos de dezoito anos, quando deixando um bilhete à família, juntamente com um amigo, fugiu de carona em um caminhão de carga rumo à Itabuna, Sul da Bahia, onde permaneceu por menos de um ano até decidir partir de novo em direção ao Rio de Janeiro convencendo o amigo a segui-lo.

Mais uma vez utilizando-se de carona, chegaram ao Rio onde hospedaram-se numa pensão. Serapião, agora com 18 anos, alistou-se no exército alcançando a patente de cabo quando resolveu se desvincular. À procura de trabalho, folheou os classificados de um jornal encontrando um anúncio que falava da disposição de uma vaga para rapaz experiente em farmácia. Enquadrando-se nas exigências, já que trabalhava ajudando seu pai farmacêutico antes de ali chegar, conseguiu o emprego.

A farmácia onde passou a trabalhar ficava localizada em Caxias. Após três anos na capital fluminense, certo dia chegou ao balcão em busca de um medicamento, uma jovem moradora da Praça da Bandeira que estava no bairro em visita aos avós. Foi amor a primeira vista. A moça desmanchou o compromisso firmado com outro rapaz e no período de efêmeros seis meses namoraram, noivaram e casaram no ano de 1955. Ele aos 23 anos, ela com 18. “Nosso encontro tinha que acontecer. Era previsto na espiritualidade”, declara dona Terezinha Andrade.

Serapião Andrade e Terezinha de Jesus de Andrade foram morar no bairro de Botafogo. Viveram mais cinco anos no Rio onde nasceram as duas primeiras filhas, Ana Cristina e Ana Margareth, contando estas, respectivamente, 3 e 2 anos quando seu pai, “Será”, como era e ainda é chamado de maneira carinhosa pela esposa, resolveu retornar à Queimadas atendendo ao pedido expresso nas cartas enviadas por Seu Pedro, que dizia precisar de ajuda com a farmácia de sua propriedade que ficava na Avenida 13 de Junho, em frente à Praça Rio Branco, onde hoje encontra-se uma pastelaria.

Em 1960 a família chegou ao município. Indo morar primeiramente na casa dos pais dele até que a casa, onde moraria definitivamente, localizada na Rua São José, que estava alugada, fosse desocupada. Período este que coincidiu com a candidatura de seu irmão, Analdino Andrade, à prefeitura.

Queimadas naquele tempo era uma cidade provinciana, onde a luz, fornecida por um gerador desligava às dez horas, sem as novidades e o movimento característico dos centros urbanos nas grandes cidades. Localidade onde o progresso demorava a chegar e possuidora de clima e hábitos bem diversos aos que estava acostumada a jovem carioca, o que a impactou negativamente.

Terezinha, em evidente estado depressivo, começou a apresentar alterações no seu comportamento, inclusive episódios de alucinação. Sinhorzinho, não encontrando explicações para a aflição da esposa e por isso bastante preocupado, passou a freqüentar as reuniões do centro espírita atendendo ao conselho e convite do amigo Dr. Élzio, então presidente da casa.

Os dois, juntos, viajavam para o centro espírita de Serrinha onde Dona Terezinha começou um tratamento. Através de passes e leituras da doutrina espírita ficou curada. A mesma acredita que os problemas que apresentava não eram de ordem médica, mas espiritual, pois os sintomas que a tinham levado a procurar ajuda cessaram.

Estes momentos de bastante sofrimento modificaram para sempre a visão de mundo e de Deus que até então o casal possuía. Apartir daí tornaram-se freqüentadores assíduos do Centro Espírita Filhos do Calvário, mais especificamente Sinhorzinho que incluiu na sua rotina a dedicação ao estudo das lições de Alan Kardec, fundador da doutrina e a realização dos trabalhos de evangelização e caridade junto à comunidade, finalidade que a constitui. “Se eu não tivesse abraçado esta doutrina acho que seria ateu” dizia ele. Quando habitava no Rio de Janeiro presenciou muita desigualdade sócio-econômica. Pelas ruas via pessoas se alimentando dos restos contidos nos latões de lixo em contraste gritante com a vida dos cachorros de madame das residências abastadas de Copacabana onde era chamado para aplicar injeções. Pessoas comendo lixo e cães filet mignon o fazia, por vezes, duvidar da existência de Deus. “Será que existe Deus? Porque não é possível que tenha seres humanos nestas condições”. Em meio aos estudos da doutrina encontrou no livro dos espíritos a lição “A desigualdade das riquezas” que respondeu aos seus questionamentos em relação à existência de pobres e ricos e o fez compreender a grandeza divina e sua bondade. Entendeu que a reencarnação, princípio fundamental da doutrina, é a oportunidade de remição dada pelo Altíssimo ao Ser Humano. Representa a justiça divina. “Deus não condena nenhum de seus filhos”.

Além das duas filhas nascidas no Rio de Janeiro, tornou-se pai ainda de Ane Evelin, Raniere Cézar (homenagem ao bisavô materno), Ângela Cristiane, Rivail César, Alcione Célia e Nadja Andrade; além de registrar e criar como filha legítima Iziane Mabel Andrade.

Após o mandato de Analdino à frente da administração do município, em meados de 1983, Serapião abriu a própria farmácia na Travessa J.J. Seabra, onde atualmente funciona a Farmácia Carneiro.

Anos após intenso estudo e adquirida experiência à frente da doutrinária e da sessão mediúnica, chegou à presidência do Centro Espírita. Responsabilizando-se por coordenar as atividades propostas como a distribuição da sopa, as aulas ministradas às gestantes e a doação de enxovais ás mesmas; além de promover a arrecadação de fundos, dinheiro doado com o qual realizou benfeitorias na unidade, entre elas a ampliação desta com a construção de quatro salas ao fundo destinadas à evangelização de jovens e crianças, desobstruindo assim o salão único que até então era destinado a todos os trabalhos.

Construiu no bairro da Ponte Nova, em um terreno próprio onde fica a cerâmica, o núcleo espírita que nomeou de Rosinha em referência à parte interna do Filhos do Calvário, chamada por Dr. Élzio de Lar Rosa do Infinito. O terreno foi posteriormente vendido à Heide Cayres que a pedido de Sinhorzinho manteve a pequena casa. Há pouco, foi aberto um bar junto ao Rosinha. Percebendo a impossibilidade da manutenção do centro no local, em virtude do barulho ali produzido, a turma mais jovens que o compõe – entre eles, os professores Ricardo, Esteves e Nel – uniram-se possibilitando a compra de outro terreno no mesmo bairro e a construção de uma casa para a qual foi transferida o centro espírita daquela localidade. Todos os sábados há uma reunião de evangelização, sendo ao seu término distribuídos aos participantes os farnéis compostos por produtos de primeira necessidade.

Sinhorzinho não era médium de incorporação. Era sensitivo. Captava instruções dos espíritos. A esposa declara que quando era solicitado a receitar, ficava parado, calado, esperando que os mentores espirituais viessem sugeri-lo o remédio que aplacasse o mal do paciente. “’Será’ sempre dava bons conselhos, mas notávamos que estes não partiam dele”.

Serapião lidava com a morte de forma tranqüila, era para ele um fenômeno normal, como nascer. Dizia: “A morte é um fenômeno natural. É o mesmo que trocar de roupa, pois a morte se dá meramente no plano físico, o espírito é eterno”.

Com esta calma conferida pela espiritualidade foi que encarou a tragédia que abateu a família com a morte por eletrocutamento de uma de suas vinte netas. “Você tem que se conformar. Você é espírita e sabe o que significa a morte. A morte é apenas uma passagem, todos nós vamos nos reencontrar”.

Não tinha medo de morrer. “Se eu viver 75 anos estou bem”. E foi justamente aos 75 anos, em 26 de dezembro de 2002, que desencarnou. Data que coincidentemente refere-se também ao dia em que pediu a jovem Terezinha em noivado. Sinhorzinho vinha sentindo fortes dores nos membros e articulações, ficando por dois meses acamado. Com o agravamento da saúde foi levado pelos familiares ao Hospital Edson Silva onde em questão de poucas horas veio a falecer.

Dona Terezinha Andrade acredita que o marido tinha certeza da proximidade da sua partida rumo ao mundo espiritual, pois depois do acontecido foi encontrada entre os seus pertences uma carta onde dava as últimas providências ao momento. Não queria que sua morte fosse anunciada em carro de som, pediu músicas evangélicas no velório e recomendou que não houvesse choro.

“‘Será’ viveu para o Centro, para a doutrina espírita. Sua vida se resumiu nisto. Era reservado, calmo, calado, família, bom marido, bom pai. Bom tudo. Era de fácil convivência, não julgava, nem tinha palavras para ofender nem criticar ninguém, perdoava facilmente. Eu acho que ele foi uma pessoa iluminada”, declarou a esposa saudosa.

Fonte: http://www.queimadasfm.com.br/qfm/2011/06/06/serapiao-alves-de-andrade/

D. Nira Lantyer


D. Nira Lantyer (foto) ( por Antônio Lantyer)

Entre a última década do século XIX e a primeira do século XX, na pequena Vila Bela de Santo Antônio das Queimadas, situada na margem direita do rio Itapicuru, nasceram os nove filhos do Coronel Francisco Lantyer de Araújo Cajahyba e de D. Joaquina Nonato Borges Cajahyba: Djanira, Adalgisa, Francisco, João, Solon, Celso, Zulmira, Osvaldo e Valdemar.
Todos viveram e morreram em Queimadas. Adalgisa e Francisco faleceram na infância.
Entre eles havia convivência fraterna e respeitosa Ocasionais divergências eram superadas pelo “poder curativo” do tempo.
Não sei quando me dei conta dessa “teia” de parentes, mas, desde cedo, acostumei-me a vê-los e respeitá-los.
Com o passar dos dias percebi a influência que tinham, direta ou indiretamente, em minha vida e na de meus irmãos.
Uns mais atenciosos e amigos, outros indiferentes e “distantes”.
Era costume pedirmos-lhes a benção ao primeiro e ao último encontro do dia.
Tia Nira foi a que maior influência exerceu sobre mim e meus irmãos, porque, após a morte de minha Mãe passou a morar conosco no Chalé.
Antes desse infortúnio ela residia no centro da cidade.
Enviuvou em 1934. Pouco me lembro de seu marido. Nós o tratávamos por tio.
Minha Mãe morreu no ano seguinte. Um de seus últimos pedidos foi que tia Nira e filhos – Ivan, Ivone e Ivanir – passassem a viver conosco no Chalé. Dias após seu falecimento sua vontade foi satisfeita.
Tia Nira levou também, uma serviçal de muitos anos, Aninha. De tão quieta, era quase imperceptível. Vivia pelos cantos, deslizava encostada às paredes. Seu corpo envergava. Pouco falava.
Não me recordo como foi a integração das duas famílias, mas como é natural, entre as crianças houve choque psicológico e emocional, ocasionando desavenças e atritos de curta duração, nada que inviabilizasse o convívio. Éramos, ao todo, oito crianças, com idades de dois a nove anos.
Tia Nira tinha atributos inatos, peculiares de sua personalidade: tranquila, cordata, prestimosa, conciliadora, gentil e educada.
Atenta às obrigações sociais não esquecia aniversários, visitas, agradecimentos e manifestações de pesar.
Cultuava a memória dos antepassados enaltecendo-lhes as virtudes.
Tímida e discreta, evitava atritos; receava brigas, desavenças. Preservava a privacidade da família.
Esta maneira de ser harmonizava-se com sua voz mansa e suave
que raramente se alteava.
Seu riso era quase imperceptível, algumas vezes, irônico, sarcástico.
Tinha estatura mediana, corpo cheio, cabelos pretos, lisos, abundantes, luzidios e viçosos, que se tornaram grisalhos após os 80 anos.
Sobrancelhas negras e fartas sobre olhos miúdos e castanhos assentados em pele morena – um moreno pálido.
Braços e punhos delgados, rosto oval, suave prognatismo. Buço discreto sombreava-lhe o lábio superior.
Pés pequenos em sapatos quase sem saltos, andar leve, lento, mas firme.
O único atavio que usava era um delicado e bonito par de brincos de ouro com uma pedra rosa no centro circundada por miúdas madrepérolas.
Trajava-se com sobriedade, com recato. Em sua indumentária pre-dominavam cores escuras e pastéis, lembrando a viuvez. O vestido ou a saia descia abaixo dos joelhos; as blusas eram fechadas, com mangas que iam até o meio do antebraço.
Às vezes viajava para Salvador na 1a classe, em trem do Leste Brasileiro. Nessas oportunidades trajava roupas “finas”; usava meias, sapatos de salto e, na cabeça, chapéu, caindo-lhe sobre os olhos um filó preto.
Supervisionava a casa com equilíbrio, procurando preservar o bem estar de todos.
Vejo-a “deslizando” pelos largos espaços do Chalé, ora com o espanador de plumas de emas sacudindo-o nos móveis, ou em outras atividades domésticas, ou, ainda, em andanças do Chalé para a cidade.
Até morrer, aos 101 anos, em que pesem as falhas da memória, teve preservada a saúde e suas excelentes qualidades morais e emocionais.
Manteve o zelo com a aparência, o que evidenciava o cuidado, amor e carinho que lhe dedicavam suas filhas – Ivone e Ivanir.
Não padeceu de doença que comprometesse sua higidez física e mental. Era a mais velha da irmandade e sobreviveu a todos.
Apesar de gozar de excelente saúde queixava-se com frequência de dores no fígado, para cujo “mal” usava chás amargos, principalmente o de marcela, erva encontrada com abundância na lagoa do Chalé. Gostava de chás. Tinha um receituário para os mais variados incômodos à saúde e passava-os adiante.
Certo dia, pessoas de projeção social e política hospedaram-se no Chalé. Integravam uma caravana em campanha para eleição ao governo do Estado. Um deles chegou com desarranjo intestinal. Prontamente “prescreveu-lhe” um chá. O doente disse-lhe secamente: “minha senhora, sou médico”. A aspereza não a abalou. Mandou ao recalcitrante o chá recomendado. Ele se rendeu, ingeriu-o e ficou bom. Ao se despedir agradeceu- lhe, “de crista baixa”.
Não era supersticiosa, nem carola, mas observava certos preceitos – ia à Igreja aos domingos e em dias de festas religiosas. Com o correr dos anos passou a fazê-lo com assiduidade. Temia as doenças e acidentes, por isso fazia-se excessivamente cautelosa.
Quando viajávamos a Salvador para estudar, na hora das despedidas, da saída de casa para pegar o trem, ela mandava que fôssemos “beijar os Santos” e nós, crianças ainda, cumpríamos o ritual: corríamos pelo longo corredor ao quarto dos “Santos” e, às pressas, fazíamos o sinal da cruz e beijávamos a porta do nicho. Pronto, estávamos protegidos pelas
graças de Deus e dos “Santos”. Ela ficava tranquila! Essa prática repetia-se a cada viagem.
Acompanhava-nos à estação e, até a partida do trem, até o último adeus, ela estava fazendo recomendações e dando conselhos.
Frequentava festas no Recreio Clube local. Não dançava, mas lá permanecia acompanhando as filhas e sobrinhas.
Em alguns anos foi a Salvador assistir ao carnaval em companhia de amigos e parentes. Ficavam na Rua Chile ou em São Pedro, onde era permitido às famílias colocarem cadeiras nos passeios para, comodamente, verem os desfiles dos clubes carnavalescos, dos grupos de mascarados, dos blocos fantasiados. Era assim o carnaval daquela época, ordeiro e
civilizado.
Emocionava-se com o desfile dos carros alegóricos dos clubes em evidência: Cruz Vermelha, Fantoches e – o que mais admirava – Inocentes em Progresso.
Agradava-lhe visitar parentes e amigos.
Nas eventuais divergências na família era a apaziguadora, a conciliadora.
Para nós sua companhia foi importante. Sua orientação voltada para o bem, para a moral influenciou muito nossas vidas.
Preocupava-se com a observância das regras de etiqueta, de educação, de posturas necessárias ao convívio social. Quando um de nós – filhos ou sobrinhos – as infringia, ela ralhava, indagando: “Que modos são esses? Que falta de estilo é essa?” E ordenava: “Tenham estilo”!
Sua censura indicava a “quebra” de algum padrão de comporta-mento.
Por algum tempo manteve um pequeno negócio em uma casa que
ficava nas proximidades do Chalé, onde vendia, no retalho, gêneros alimentícios, produtos de limpeza e bebidas. Era a “vendinha” ou a bodega, como a denominávamos.
O movimento maior era aos sábados, dia de feira na cidade.
O local era passagem de grande número de feirantes na ida e na volta da feira, quando já “chumbados”, faziam parada na bodega para “molhar a garganta” e rendiam respeitosa e alegre homenagem a “D. Nira”, entoando músicas e letras improvisadas. Uma delas dizia: “D. Nira cheira, cheira, cheira a flor de laranjeira” e por ai iam suas cantilenas. Alegres e ébrios, ébrios e alegres, seguiam o caminho da roça, tombados sobre o dorso das montarias.
Tia Nira pressentiu mudanças nos costumes e, em um tempo em que se dava valor à vida, em que se levava a sério o casamento e o luto era respeitado, dizia que a morte iria banalizar-se, o casamento perderia relevância e o luto deixaria de existir.
Quando as filhas e sobrinhas estavam preocupadas com os casamentos ela costumava adverti-las dizendo-lhes: “Cuidado, casamento não é Chalé e marido não é João Lantyer...” Sábia advertência! Era o alerta! Abria-lhes os olhos para os percalços do casamento. Advertia-lhes que a “boa vida do Chalé”, onde tinham tudo a tempo e a hora, iria acabar, lembrava-lhes que marido não era como o Pai e Tio.
Ninguém deu ouvido às suas sábias palavras. Todas cumpriram seus destinos, casaram-se e multiplicaram-se, mas creio que viram com o passar do tempo que sua advertência, apesar de difícil de ser cumprida, era sábia.
Suas cartas tinham uma singularidade: acabava de escrevê-las e, quando se lembrava de alguma cousa, ia anotando pelas beiradas do papel, às vezes até no envelope.
Alguns de seus provérbios usuais:
“A natureza é poderosa”.Referia-se às idiossincrasias do ser humano, à maneira de ser de
cada um e a dificuldade em alterá-la.
“Cada um, no palco da vida, representa seu papel”.
“Boa romaria faz quem em sua casa está em paz”. Dizia-me que seu pai utilizava-o com frequência quando recusava pedido de permissão para sair de casa.
“Deixar de ser ferrão para ser boi”. Traduz-se: deixar de mandar para ser mandado.
“Caem os muros e sobem os monturos”. Hoje, diríamos: queda e ascensão social.
“Lá é o lugar onde filho chora e mãe não ouve” Quando alguém vai para lugares longínquos.
“Todo orgulho será abatido!”.

Fonte: http://chalelantyer.blogspot.com/2010/04/tia-nira.html

JOÃO LANTYER DE ARAÚJO CAJAHYBA



JOÃO LANTYER DE ARAÚJO CAJAHYBA (foto)


Filho de Francisco Lantyer de Araújo Cajahyba e de Joaquina Nonato Borges Cajahyba, nasceu em Queimadas/BA em 24 de setembro de 1895; casou-se com Maria de Lourdes, sua prima, em 24 de setembro de 1925. Do casamento advieram- lhe seis filhos e de união anterior, duas filhas.
Após a morte de minha mãe em 25/04/1935 passou a conviver com Maria Cândida de Abreu, com quem se casou em 1975. Não tiveram filhos.
Foi Coletor Federal de 1917 a 1957, quando se aposentou. No desempenho de suas funções houve-se com ética, competência, espírito público e dedicação ao trabalho.
Por amor à sua terra natal recusou transferência para coletorias em cidades mais prósperas, como Vitória da Conquista e Serrinha. Paradigma de cidadão: íntegro, justo, leal, pacífico, ponderado, conciliador, bondoso, inteligente, comedido, trabalhador e criativo.
Cordial e afável no trato. Mesmo em momentos de crise não alterava a voz. Irradiava tranquilidade. Sua alma era límpida, sem problemas, sem mágoas, sem ódios, sem rancores.
Por natureza era introvertido e, por opção, fatalista.
Quando algo o incomodava, franzia o cenho e ficava taciturno, todavia, uma conversa agradável deixava-o à vontade, descontraia-o.
Sensível, mas emocionalmente controlado. Nunca o vi exasperar-se, proferir palavrões, expressões chulas ou mesmo palavras ásperas, ofensivas a quem quer que seja. Aceitava os revezes da vida com digna resignação.
Raramente externava sentimentos. Aparentemente impassível, quando sofria ficava em silêncio. Alegria, por maior que fosse a satisfação, manifestava-a com um sorriso manso, quase imperceptível.
Sem o saber, era um estóico, cujo ideal era “viver em perfeito acordo e em total harmonia com a natureza, dominando suas paixões e suportando os sofrimentos da vida cotidiana até alcançar a mais completa indiferença e impassibilidade diante dos acontecimentos”.
Tinha bom senso e acuidade para analisar fatos e inferir possíveis consequências, de tal sorte que parecia adivinhar.
Por sua compostura, seriedade, equilíbrio e imparcialidade, impunha respeito e confiança. Excelente mediador. Sua opinião quase sempre era acatada.
Exímio epistológrafo tinha rara facilidade para comunicar-se, concatenar idéias e narrar, com acuidade, fatos e acontecimentos. Sabia como poucos, prender a atenção do ouvinte quando descrevia situações, ocorrências ou quando contava histórias, anedotas.
Não tinha vícios.
Mantinha relações amistosas com aqueles que o conheciam.
Dedicou a vida ao trabalho e à família.
Responsável, educou os filhos com afeto e amor. Com sacrifício proporcionou-lhes preparo intelectual e formação universitária. Esforçava-se por minorar a falta do carinho materno.
Ensinava-lhes, com o exemplo e com palavras, preceitos de educação social, doméstica, de higiene e etiqueta. Transmitia-as contando estórias por ele criadas que ficavam gravados na mente das crianças para sempre. Não lhes impunha sua vontade, seus desejos, mas sabia conduzi-los com prudência e acerto.
Seus conselhos eram ponderados e ditos com sutileza em conversas despretensiosas, mas deixava transparecer seu ponto de vista, sua opinião.
Sugeria-lhes o que achava certo e explicava o porquê de seu entendimen-
to. Não exigia obediência cega. Lançava as sementes do bem e aguardava
que germinassem.
Assim procedia para que nos tornássemos responsáveis por nossos
atos. Procurei seguir seus conselhos. Nas encruzilhadas da vida sua inspi-
ração foi preciosa.
Outra faceta de sua personalidade era a preocupação em não ferir susceptibilidades, em respeitar a personalidade do ser humano.
Quando menino eu dizia que queria ser padre. As pessoas mais próximas emitiam opiniões, faziam troças. Não obstante de papai nunca ouvi qualquer comentário. Ignorou-a. Falava que meu irmão deveria ser médico ou militar, eu juiz, e as meninas professoras. Sem imposição foi o que aconteceu.
Sem ser carola, assistia às missas aos domingos e, após o culto religioso, visitava as irmãs e pessoas amigas.
Em determinada época foi político. Comparecia aos atos cívicos, aos eventos políticos e sociais.
Estando ao seu alcance cooperava com a administração pública e com a coletividade no que fosse para melhorar a vida comunitária. Amava sua terra de onde nunca quis sair.
Seu amor à natureza fê-lo transformar em um belo bosque o sítio
onde está o chalé.
Dedicava-se ao criatório de gado vacum mais pelo prazer de criar do que por proveitos econômicos, pois as secas frequentes dizimavam o criatório. Costumava dizer: – “Nessa terra não se cria, judia-se”.
Apreciava trabalhos manuais.
Distraia-se fazendo pequenos reparos.
Fisicamente era bem apessoado, forte, boa estatura.
Era cuidadoso, quase vaidoso, no trajar. Enquanto esteve em ativi-dade era raro vê-lo em manga de camisa. Usava, com habitualidade, o traje social completo com paletó, chapéu, gravata e sapato. Mesmo em casa era difícil encontrá-lo à vontade.
Assim era Papai.

( Antônio Lantyer)

Fonte: http://chalelantyer.blogspot.com/2010/03/meu-pai.html

SERVIÇOS DE ALTO-FALANTES

                              Foto: Genivaldo Silva no serviço de Alto Falante, decada de 80.


SERVIÇOS DE ALTO-FALANTES

Na década de 40, precisamente a partir de 1946, instalaram-se dois serviços de alto-falantes em Queimadas.
O primeiro viria a chamar-se Rádio Cultural e o segundo Rádio Rui Barbosa. Ambos tinham os seus programas diários devidamente organizados que constavam basicamente de: crônicas de cunho religioso, de teor literário e político, pensamentos do dia , mensagens espirituais, dedicatórias sociais, troca de recados romântico-amorosos entre jovens, informações variadas de interesse público e particular, manifestações políticas às vezes com caráter de duelos verbais, atividades culturais em geral.
Os locutores usavam pseudônimos e no exercício da locução desenvolveram haabilidades oratórias que vieram a favorecer alguns deles na arte política de falar.
Durante cerca de 10 a 12 anos fez-se sentir a influência social, política, cultural e religiosa desse meio de comunicação na sociedade queimadense, principalmente naquela época de grande efervescência político-partidária, quando as agremiações alí existentes: PTB, PSD e UDN disputavam acirradamente a preferência popular.

Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.224/225.

Na década de 80, um seviço de auto-falante conhecido como " A Voz do Itapicuru" funcionou com sede na antiga prefeitura, sob o comando do locutor Geni Silva, este prestava serviços sociais à comunidade, apresentava programas musicais, exportivos, dentre outros...

Atualmente a cidade dispôe de um serviço que diariamente exibe musicais e divulga vinhetas comerciais, conhecido popularmente de Pop Som.
Os serviços antigos de auto-falantes foram substituídos pelas atuais Rádios Comunitárias( Queimadas FM e Alternativa FM), que prestam importante papel social e de comunicação à sociedade queimadense.


OS JORNAIS

             Foto: Equipe do Joranal O mensageiro: Mário César, Emanuel Lírio e cia...1984.

OS JORNAIS

Alguns pequenos jornais foram editados em Queimadas para consumo local. Foi numa época em que as comunicações eram difícieis. Os jornais da Capital erma privilégio de alguns poucos assinantes. Esses corriam de mão em mão entre as poucsa pessoas que por eles se interessavam. Ainda estava muito longe o advento do rádio. Isso forçava a saída de jornaizinhos comunitários que tratavam especialmente de coisas da terra.
Os primeiros que circularam em Queimadas, foram a " Nuvem" e " O Queimadense". Posteriormente, surgiram outros como veremos mais adiante.

A NUVEM - Era uma jornal quinzenal, noticioso e literário, conforme consta do seu trabalho. Foi fundado em 1918 e circulou até 1920, provavelmente. Coube a Elias Marques da Silva gerenciá-lo e a responsabilidade de ser o seu prinipal redator. Entre os colaboradores mais assíduos destacavam-se Esmeraldo Ferreira da Silva e Salomão Barros. A redação funcionava na praça Cel. Carlos Guimarães, atualmente denominada Cel. Francisco Lantyer.
A matéria se constituía, geralmente, de um artigo de fundo, perfis e crônicas romãnticas, muito em voga na época, vez por outra algum soneto, noticiário local, registros sociais e anúncios comerciais. Era moda os concursos de beleza que agitavam a sociedade e aumentavam a procura dos números do jornal. Num desses concursos promovidos pela "A Nuvem" destacaram-se senhoritas que disputavam o título de a mais bela de Queimadas, e foram elas: Zulmira Lantyer, Elza Araujo, Arlinda Saavedra, Francina Alves, Zilda Evangelista, Marieta Alves, Alzira Góis, Dolores Crespo, Isabel Barbosa e Corina Machado. As vencedoras foram: Zulmira Lantyer, em primeiro lugar com 410 votos e, em segundo lugar, Elza Araújo com 364 votos.
Os anúncios mais constantes eram os seguintes: Casa Marques de Elias Marques da silva - Loja Lantyer - Armazém Ideal de João de Araújo Neto - Armazém e Padaria Alliança de Antônio Barretto - Armazém Brazil de Durval Marques da Silva - Grande Depósito de Pedro Gonçalves Primo - Vicente Lino da Silva- Compra de peles, algodão e cereais - Loja Britto - Hotel Lantyer e Celso Lantyer & Irmão e de fora o famoso anúncio de Elmusão de Scott.
A briga de " A Nuvem' com seu opositor " O Queimadense" repontava em todos os números do jornal. Vejamos, como amostra, este pedacinho, intitulado " Badaladas".

" Gostei imensamente da reprimenda causticante que o jornal de Serrinha de 19, a altiva e distinta Jacy, passou em nosso confrade " O Queimadense" que ousadamente violou os direitos da propriedade literária.
Assim pegados pelos cós das calças, quero ver com que cara de palhaço os escribinhadores profanos d'O Queimadense veem se defender no Tribunal da Imprensa, crime cometido propositalmente ou por supina ignorância.
Estou a recordar o dia em que um dos escribinhadores d'O Queimadense se dirigia para casa d'outro companheiro mais velho, sobraçando um volume imortal Vitor Hugo. Talvez nesse dia perpretassem o ousado furto. Que águias".

Era esse o diapasão.

O QUEIMADENSE - O primeiro número deste periódico circulou no dia 12 de outubro de 1918 e, por isso, a data que é amesma da descoberta da América, ensejou um artigo de fundo em torno desse tema histórico que ocupou toda a primeira página. O jornalzinho ostentava no seu cabeçalho as seguintes informações: " O queimadense - Órgão noticioso, literário e de interesses gerais, Publicação Semanal - Sociedade Anonyma - Gerente: Diógenes Lima - Assinatura Mensal $ 500 réis". A redação funcionava na Avenida Dr. Antônio Muniz que hoje tem outro nome.
A matéria do semanário se constituía, além, é claro, do indefectível artigo de fundo, de transcrição do folhetim ( muito em moda na época até nos grandes jornais) de notícias locais - Aniversários, falecimentos, eventos sociais, charadas, poesias e anúncios comerciais. Dentre esses anúncios destacamos os seguintes: Bazar Barbosa de Balbino José Barbosa - Armazém de Variedades de Carlos Marques da Silva - Casa Tucano de Pedro Gonçaves Primo - Loja Britto de Pedro Gomes de Britto - Loja Moreira de Laudelino Moreira da Silva.
Havia uma seção, titulada indicador, por onde se sabia o nome de algumas das principais autoridades locais, como se verá a seguir: Dr. Alvaro Clemente de Oliveira, Juiz Municipal - Residência Travessa Cel. carlos Guimarães; Cel. Emydio Gonçalves Côrtes, Delegado de Policia - Residência Praça Dr. Seabra; Capitão Manoel Nascimento da Silva, Tabelião e Escrivão - Residência Praça Dr. Seabra; Major Propércio Alves, Escrivão do grande e pequeno júri - Rua do Alto da Jacobina à margem da E. de Ferro; Cap. Pedro Gomes Rego, Colletor Estadual - Residência praça Dr. Seabra; Cap. João Lantyer, Colletor Federal - Residência Travessa da E. de Ferro; João Xavier Rego, Escrivão de Paz - Praça Dr. Seabra; Eliphia Alves, agente de Correio - Rua do Alto da Jacobina à margem da E. de Ferro.
Em sua edição seguinte, isto é, de 20 de outubro de 1918, " O Queimadense" diz como foi recebido - " Tem sido grande o número de cavalheiros e pessoas amigas que à esta redação tem comparecido trazendo-nos os seus abraços e felicitações pelo aparecimento do nosso jornal. 'O Queimadense'. São estes nomes dos ilustres cavalheiros: Cel. Emydio Cortes, José Vieira, Balbino Barbosa, Angelo Crespo, Manoel Nascimento Silva, Durval Marques, João Rego, Pedro Rego, Firmino Araujo, Pedro Primo, Propércio Alves, Amphilóphio Teixeira".

FOLHA DE QUEIMADAS -
Em junho de 1947 surgiu a " Folha de Queimadas" que assim se apresentava: "Semanário Independente, Político e Noticioso. Defensor Intransigente dos interesses de Queimadas - Diretor-Proprietário: Tirso Garrido.
Os principais anúncios estampados eram os seguintes: Loja Prazeres de Paulo Prazeres Moreira - Armazem de Molhados e Ferragens de João Queiroz - Antonio Moreira Filho & Irmãos- Padaria Provisão de Josias Lopes da Cunha- Bar Stº Antônio de Edval P. Lemos - Loja Moreira de M. Moreira - Loja e Armazem de Alberto Abreu - Companhia Carioca - Representante Mario Santana - Bar Sul Americano de Cornélio Silva - Deraldo Alcantara & Cia - Hotel Brasil de Avelina Silva.
Inclui amplo noticiário social e quanto à parte política esclarece que " A Folha de Queimadas" não pertence ao Partido Trabalhista como ao Partido Social Democrático ou ao de Representação Popular ou à União Democrática Nacional. A Folha de Queimadas pertence, sim, ao povo, de cujos favores irá viver. As suas colunas ficam franqueadas a qualquer partido, para toda e qualquer publicação. Nessa época os Partidos estavam se organizando no município e, pouco depois, a politica ali iria ferver, marcando um período de grandes agitações até 1964 quando foram extintos.

LEÃO ITA -
Em julho de 1981 foi lançado o primeiro número de "Leão Ita" publicação exlusiva do " Lions Clube de Queimadas". É um boletim informativo bem impresso. O Editor era Louriel Bezerra que na apresentação que faz ao leitor escreve:

" Faremos questão de ser útil. O homem moderno, assim como a sociedade moderna, não pode prescindir de veículos de comunicação".

Fonte: Nonato marques, in Santo Antõnio das Queimadas. pag.214/215/216/217

O MENSAGEIRO -
Ainda na década de 80, outro jornal, idealizado por um grupo de jovens da cidade, lançam," O Mensageiro", que abordava diversos temas que iam da política aos diversos acontecimentos locais da época.




TERNOS DE REIS E BAILES PASTORIS

     Foto: Apresentação do Terno das Rosas, organizado pela professora Terezinha Carvalho, 1982.

TERNOS DE REIS E BAILES PASTORIS

Os ternos de reis estiveram muito em voga e resistiram até as primeiras décadas do século passado quando, praticamente, desapareceram. Era uma bela e romântica tradição que o tempo se incumbiu de extinguir.
Em Queimadas essa interessante diversão, de conotação religiosa, era cultivada e, às vezes, com exaarcerbado fervor.
Dentre os ternos de reis que se organizaram em Queimadas, destacaram o Cruz Vermelha e o Jardineira. Ambos existiram ao mesmo tempo e eram rivais. A política local estava latente entre eles. O Cruz Vermelha era liderado por Djanira Lantyer, vale dizer pela própria família Lantyer, dele fazendo parte todas as famílias amigas e politimante afins. O terno das Jardineiras era liderado, praticamente, pela família de Amphilóphio Teixeira, tendo à frente sua esposa D. Santinha (Austrialina Teixeira). Em consequência assumia a vanguarda do terno a família do Major Prpércio Alves, através das então senhoritas, Mariêta, Vivaldina e Franciana. Desse lado ficavam todos os que eram simpáticos à politica chefiada pelo Cel. Emydio Gonçalves Côrtes.
A rivalidade entre os ternos era tamanha que os ensaios eram feitos fora da cidade, em locais escondidos e guardados por vigias permanentes. A animação era explosiva toda vez que saíam à rua. E os bailes quie davam rompiam a madrugada e eram difíceis de acabar, pois nenhum dos dois ternos se conformava em terminar primeiro a sua festa.
De um deles fazemos um breve registro. Foi o baile dado em homenagem aos engenheiros e funcionários que estavam construindo a estrada de rodagem Queimadas-Monte Santo-Cumbe lá pelos idos de 1921, e que teriam que se deslocar para muitos quilômetros adiante, a fim de acompanharem o avanço da construção. Na oportunidade, eles se despediram do Cruz Vermelha, cantando uma delicada canção, da qual recordamos dos seguintes versos:

Nós somos bons amiguinhos
das gentes fadas,
cá de Queimadas,
em seus joviais carinhos
tudeo centelha
no Cruz Vermelha...

Vamos seguir
vamos partir,
levando saudades
quase a chorar...

A música era da canção do soldado paulista, muito em voga naquele tempo.

Phalenas Douradas
- Foi outro terno que marcou época pela sua boa organização. Quando saía à rua com seus estandartes, com suas roupas apropriadas fingindo falenas com asas e tudo, com sua lentejoulas e lanternas, era um verdadeiro sucesso. O seu caminho era iluminado por fogos de artifício. As casas em cujas portas iam bater, recebiam o terno com muito afeto, com bebidas em profusão, doces e danças que se prolongavam até a madrugada.

As Geishas
- Foi outro terno de reis que deixou saudades. Organizado por senhoras da sociedade local, a cuja frente se encontrava Milita Marques, esposa do Cel. Elias Marques da Silva, tomou como tema uma fantasia japonesa. Havia, portanto, o colorido e a graça do Japão em plena área da caatinga. E mais ainda: as canções eram uma mistura de português com algumas palavras enroladas para dar a idéia de serem nipônicas. De qualquer forma aalegrava. E isto era o q ue importava...

Terno das Rosas - O último terno de reis de Queimadas, organizado pela professora Terezinha Carvalho, desfilou pelas ruas de Queimadas, em 1982, revivendo as mesmas caracteristicas das tradiçoes passadas.

Os Bailes Pastoris - Muitos foram formaados para celebrar o Natal. Era belo vê-los desfilar. Trajes típicos de camponesa, cabeças enfeitadas, pandeiros com longos laços de fita, lanternas coloridas, lá iam elas " as pastorinhasque vinham de Belém", como diziam em seus cantos ensaiados. Lá iam visitar as lapinhas que naquele tempo se usava armar em muitas casas. Chegavam e eram recebidas com manifestações ruidosas de alegria. E adiante do presépio cantavam e bailavam para um Deus menino que estava deitadinho em sua manjedoura, vigiado por José e Maria, arrodeados de animais e pastores em adoração. Em algum ângulo, viam-se figuras de Reis Magos, seguindo a estrela guia que no alto da lapinha não se esqueciam de colocar.

Fonte: ( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.210;211/212 )

Infelizmente, essa como outras tradições culturais estão desaparecendo, porém algumas comunidades ainda apresentam os ternos de reis a exemplo das comunidades dos bairros do Alda Martins e Alto da Jacobina e dos distritos de Espanta Gado e Riacho da Onça.

O BUMBA-MEU-BOI

                               Foto: Bumba-meu-boi de Riacho da Onça.

O BUMBA-MEU-BOI

No interior, o bumba-meu-boi era presença certa em ocasiões próprias e festivais. É um auto popular introduzido entre nós pelos colonizadores europeus.
Em Queimadas, desde épocas remotas, esta brincadeira era praticada fazendo parte do folclore do seus povo. Antigamente saía às ruas no mês de Janeiro - período de Reis - a partir da meia-noite, visitando famílias com acompanhantes que participavam da folia com palmas, pandeiros, chocalhos e cantorias, invocando os donos da casa que abriam as portas para receber os figurantes.
Basicamente, o bumba-meu-boi se compõe de uma armação feita de ripas ou de papelão grosso, recoberta com pano estampado ordinário, encimada por uma cabeça de boi ou de vaca, com os seus respectivos chifres. Debaixo da armação que imita o corpo de um boi, se intromete o "tripa", nome dado ao homem que a conduz por toda a parte, dando-lhe animação e movimentos.
O bumba-meu-boi sobreviveu em Queimadas até início dos anos oitenta do século passado, graças aos esforços de Zé Grosso que, apesar de alquebrado pela idade, ainda promoveu apresentações desse auto pastoril.
A cantoria do bumba-meu-boi organizado por Zé Grosso se desenvolvia em torno desses versos:

A chegada nesta casa
há uma formosa bandeira
nela bem "arretratada"
a mãe de Deus verdadeira

Cantar Reis não é defeito
é coisa que Deus deixou
São José com Santa Maria
foi quem primeiro cantou...

Tudo tão simples, tão ingênuo, porém bastante belo.

Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.212/213

Atualmente, a tradição do bumba-meu-boi praticamente desapareceu no município de Queimadas, restando ainda, fortemente preservada, na comunidade de Riacho da Onça, que leva o bumba-meu-boi para se apresentar em diversos eventos culturais pelo município.

 

A INTRODUÇÃO DA CULTURA DO SISAL EM QUEIMADAS

                         Foto: Residência onde viveu o Sr. Unbelino Santana- Queimadas- Bahia.


A INTRODUÇÃO DA CULTURA DO SISAL EM QUEIMADAS

(...) Umbelino Santana nos conta a sua história, o que fazemos com a adaptação textual do seu próprio relato: " Em 1939, chegava em meu depósito comercial um freguês, trazendo-me como presente um pequeno molho de fibras de sisal. Foi a primeira vez que vi tão valiosa fibra. Ao receber o presente, procurei destacar um fio, enrolando-o nos dedos e procurando partí-lo, mas não consegui. Foi aí, neste exato momento, que me lembrei da linha da Pedra, de Delmiro Gouveia, o pioneiro da usina de Paulo Afonso. De imediato senti que a lavoura de sisal seria a salvação do Nordeste e, sem perda de tempo, solicitei de um freguês amigo, João Marques, para conseguir alguns bulbilhos, que eu compraria. Oito dias depois, João Marques já me trazia 8 sacos de aniagem cheios de bulbilhos ( varga de dois jumentos) e a partir do dia seguinte, em companhia de um trabalhador, já estava eu numa rocinha à margem do rio Itapicuru, preparando viveiros, adubando, plantando e molhando os bulbilhos. O serviço carecia de água e, por isso, adquiri uma bomba manual com tubulação suficiente para irrigar os viveiros já existentes e outros muitos que seriam plantados.
Com a aquisição dos bulbilhos e algumas mudas resolvi, então, plantar uma área que correspondia a 40 tarefas, aproximadamente.
Ao ter conhecimento do plano do governo que se propunha a plantra em Nova Soure milhões de pés de sisal, o Agrônomo Darci Duque Catão, que, naquela época, residia em Queimadas, convidou-me para, em sociedade plantarmos um milhão de pés. Topei a parada. Sucede, porém, que a área requerida teria que ser muito grande e, ainda, segundo o Agrônomo Catão, teria de dispor de água, pois - dizia ele - que na colheita do sisal se precisava de muita água, o que era fácil de encontrar além dos limites do rio Itapicuru.
Catão desistiu do projeto, mas, não obstante as ponderações por ele feitas quanto à falta de recursos financeiros de tamanho porte, insisti no propósito do plantio e nas caatingas da Fazenda Pau-Ferro meti mãos à obra. No começo botei quatro trabalhadores, na semana seguinte já eram dez e assim foi crescendo semanalmente o número de trabalhadores, e quando dei por mim já eram cerca de cem, roçando, derrubando, coivarando, tendo à frente Dionísio Sousa. Foi aí, então, que verifiquei que necessitava de dinheiro para continuar o trabalho. Vim a Salvador e uma pessoa amiga indicou-me o Instituto Central de Fomento Econômico da Bahia ( transformado no atual BANEB) e disse-me que procurasse Efrahim Borges, a quem expus o meu plano e solicitei um empréstimo de vinte contos de réis, o qual , depois das formalidades bancárias exigidas, me foi concedido pelo prazo de dois anos e seis meses. Aplicados os vinte contos de réis, o plano exigia mais dinheiro e, assim, o Instituto emprestou-me 70 contos e mais tarde assinei um contrato de 200 contos, quando eu já havia cercado mil tarefas com sete fios de arame farpado e já havia plantado cem mil covas de sisal, mudas que vieram de Feira de Santana, enviadas pela Secretaria de Agricultura, para Serrinha e dali em viagens de estrada-de-ferro para Queimadas, de onde eram transportadas em carros-de-bois para a Fazenda Pau-Ferro.
Ao ter certeza do financiamento, procurei o alemão K. Schimth para que ele estudasse uma máquina para desfibrar sisal, trazendo para isso algumas folhas. Feita a máquina, mas verificando a crise de gasolina, comprei um automóvel velho, tirei o motor e construí um aparelho a gasogênio, que era muito recomendado naquela época. Iniciada a colheita - cujas primeiras vendas fiz a J. Bandeira - um dia bati um molho de sisal num legado e a fibra ficou macia o que me chamou a atenção para vir ainda a K. Schimth para que o mesmo estudasse uma batedeira. Foi feita a primeira batedeira e tempos depois, a segunda. O exemplo estava dado.
Antes, porém, de fazermos a primeira batedeira, inventamos um estranho engenho q era o seguinte: providenciamos um toro roliço de madeira, fincamos duas forquilhas na altura de 60 cm, atravessamos o toro e assim começamos o batimento do sisal.
É este resumo do depoimento que nso prestou Umbelino Santana, que, logo que teve mudas de sisal disponíveis, convidava lavradores para plantar sisal, dando as mudas para plantio. Na janela de sua residência (foto) em Queimadas colocou uma placa com os seguintes dizeres: " Lavradores: plantem sisal. Umbelino dá as mudas.
Em 1950, Umbelino Santana iniciou vendas para a Alemanha (Gremen), em lotes de 50 toneladas. Hoje, aqueles plantios iniciais se multiplicaram e somam 1.500.000 covas de sisal, fora 600.000 de que dispões em sociedade com os filhos.( dados de 1983)
Mas, não ficou somente nisso o trabalho de Umbelino Santanapelo sisal. Fez muito mais, ao doar terrenos de sua propriedade da Fazenda Gregório para que nelas se instalasse um núvleo colonial à base do sisal, o que foi feito pelo Governo Federal. ao tempo em que o Engenheiro-Agrônomo Renato Gonçalves Martins exercia a diretoria do Serviço de Imigração e Colonização do Ministério da Agricultura.

Queimadas que por um bom tempo foi referência em cultura do sisal na região, hoje, este praticamente inexiste, o que foi uma grande perda econômica para o município.

Fonte:( Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag.75/76/77 )


ESPORTES

                               Foto:  O Queimadense - 1963

ESPORTES

O futebol foi a modalidade de esporte mais cultivado em Queimadas. Já na década de 20 despontavam as primeiras iniciativas voltadas para a organicação de clubes com essa finalidade. Esmeraldo Ferreira da Silva, juntamente com outros rapazes da sociedade local, deu início aos primeiros jogos de futebol, sem, todavia, a arregimentação dos times que viriam em seguida com uniformização dos jogadores, o que distinguiria as equipes que passariam a ser chamadas pelas suas cores: verde e branco - amarelo e verde. Em 1926 foi disputada a primeira partida intermunicipal entre os selecionados de Itiúba e Queimadas, cujo resultado foi zero a zero.
Em 1927 forma criados dois clubes: Ypiranga, com as cores vermelho e branco, e Raid, com as cores azul e branco. Entre eles reinoutremenda rivalidade e as partidas disputadas representavam sempre notáveis acontecimentos que feriam a rotina da então pacífica vila sertaneja.
Dentre os jogadores que atuaram nesses clubes e que foram os primeiros a se organizar para a prática do futebol em Queimadasdentre outros que o tempo decorrido não faz lembrar, podem ainda ser citados: Esmeraldo Ferreira da Silva, Arlindo e Domingos Garcia, Duda, Braulino e Faterno Crespo, Ernesto Farias, Nicanor Villas Boas, Joãozinho Alfaiate, Bento Coelho, Gervásio Cavalvante, Zé Preto, Manoel Saroes, João Porto, Umburaneira, Landi, Janjão Mudo, Lauro Pedreiro, Portão de Ferro, Manoel Patápio, Bogé, José Candura, Domingos Santana, Maranduba, Antônio Rosa.
Muito mais tarde, na década de 40 foi fundado o Guanabara, no qual se destacaram muitos jogadores, entre os quais José Primeiro, José Segundo, Pau Oco, Marinho, Zeca de Bastião, Leonardo Marques. Surgiram também depois, década de 60, a Associação e o Queimadense (foto), sendo que nesta oportunidade destacaram-se jogadores como o famoso Hamilton da Umburaneira que atuou em times renomados da Capital, o goleiro Arnóbio à época considerado o melhor da região, Analdino Brito, Ivan Lantyer, Zé Pinto, Josiel, Ranuzio de Araujo Batista, Renato Varjão, Rubens Varjão, Josiel, Daniel Bezerra, dentre outros.
Na década de 80, os times existentes em Queimadas eram: o Atlético, Portuguesa e 13 de Junho sendo o Atlético de maior performance e maior torcida. Os jogadores de maior destaque eram: Givaldino, Ionaldo, Charles Andrade, Antoniel Bezerra e Chico, goleiro da Portuguesa, considerado o melhor na sua posição.
Em 1983, Louriel Bezerra e Dr. Gildo Fernandes criam o futebol feminino no Atlético e no 13 de Junho, sendo as primeiras equipes constituídas pelas jovens estudantes: Jane Kelly Lantyer, Rejane Andrade, Bárbara Andrade, Sueney, Suenya e Suenara Ferreira da Cruz, Maria de Fátima, Neide e Nenê.
A atividade esportiva dispõe de um estádio, o Jongão, situado à rua Dr. Elzio Ferreira. Foi restaurado e ampliado em junho de 1980, na administração do prefeito João Ferreira da Cruz.

(Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag 238 e 239 )

Atualmente, a LIGA DESPORTIVA QUEIMADENSE, filiada a ASSOCIAÇÂO BAHIANA DE FUTEBOL, funciona sob a presidência de Irailton Oliveira dos Santos, que coordena o campeonato de futebol queimadense.
Em 11 de fevereiro de 2011, o Campeonato Municipal de Futebol de Queimadas vai reuniu as 13 melhores equipes locais, divididas em 3 grupos, para disputar o título na final, que ficou prevista para a segunda semana de maio do mesmo ano.

Grupo A:

Catuense de Pedrolândia
Barcelona
Santos
Queimadense
XV de Setembro

Grupo B:

Lagoa do Marí
Fluminense
Bahia
Gregório

Grupo C:

Abobreira
União Riacho
Ferroviário
Alto da Jacobina

Os jogos aconteceram sempre aos fins-de-semana, no Estádio Municipal João Ferreira da Cruz, apelidado de Jongão. A partida de abertura foi entre a Catuense x Barcelona.

Em 2011, o grande vencedor foi o Catuense de Pedrolândia. No crepúsculo do dia 30 de outubro, derrotou com um placar apertadíssimo de 3 a 2 o XV de Setembro de Espanta Gado.

Esse duelo, apitado porJackson Herculano, Quinho (auxiliado por Will e Johnson), teve o primeiro gol graças a Cleiton, do Catuense, aos 9 minutos do 1º tempo. O segundo veio aos 4 minutos da 2ª etapa, dessa vez a favor do XV de Setembro, representado na habilidade de Magny, que marcara o 7º gol no certame, rendendo-lhe o título de Artilheiro.

Quase meia-hora depois, Del retoma a vantagem, até Anelson voltar a empatar, problema resolvido por Michel, quase no último fôlego do jogo, aos 43 minutos. Foi esse o balançar de redes que assegurou o 1º lugar para o seu grupo.

Mais cedo naquele dia, precisamente às 15h30, ainda no Jongão, foi estabelecido nos pênaltis o 3º colocado, o Fluminense, após a vitória de 6 a 5.

Os Top 4 receberam as seguintes premiações: R$5.000 para o Campeão, R$2.500 para o Vice e os devidos canecos e medalhas para ambos; R$1.000 e R$500 para 3º e 4º lugares respectivamente, além dos troféus.

O goleador Magny foi agraciado com R$200, enquanto Del, seu rival, levou
R$100 como Melhor Jogador da Final, os dois com troféus de reconhecimento.

Fonte: http://www.fbfweb.org/index.php?menu=noticia&COD_NOTICIA=1191


                                Foto: Seleção feminina. Década de 80. Queimadas- Bahia.

 FUTEBOL FEMININO
"Em 1983, Louriel Bezerra e Dr. Gildo Fernandes criam o futebol feminino no Atlético e no 13 de Junho, sendo as primeiras equipes constituídas pelas jovens estudantes: Jane Kelly Lantyer, Rejane Andrade, Bárbara Andrade, Sueney, Suenya e Suenara Ferreira da Cruz, Joinha Oliveira, Solange Torres, Ângela,Maria de Fátima, Neide e Nenê."


Equipe de futebol feminino criado em 1983- Queimadas-Bahia.
Na foto: Suenara Marques, Solange Torres, Fátima Carvalho, Suenya Marques, Yane Lantyer, Neide Herculano, Rejane Andrade, Carla Reis, Inha, entre outras...