quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A INTRODUÇÃO DA CULTURA DO SISAL EM QUEIMADAS

                         Foto: Residência onde viveu o Sr. Unbelino Santana- Queimadas- Bahia.


A INTRODUÇÃO DA CULTURA DO SISAL EM QUEIMADAS

(...) Umbelino Santana nos conta a sua história, o que fazemos com a adaptação textual do seu próprio relato: " Em 1939, chegava em meu depósito comercial um freguês, trazendo-me como presente um pequeno molho de fibras de sisal. Foi a primeira vez que vi tão valiosa fibra. Ao receber o presente, procurei destacar um fio, enrolando-o nos dedos e procurando partí-lo, mas não consegui. Foi aí, neste exato momento, que me lembrei da linha da Pedra, de Delmiro Gouveia, o pioneiro da usina de Paulo Afonso. De imediato senti que a lavoura de sisal seria a salvação do Nordeste e, sem perda de tempo, solicitei de um freguês amigo, João Marques, para conseguir alguns bulbilhos, que eu compraria. Oito dias depois, João Marques já me trazia 8 sacos de aniagem cheios de bulbilhos ( varga de dois jumentos) e a partir do dia seguinte, em companhia de um trabalhador, já estava eu numa rocinha à margem do rio Itapicuru, preparando viveiros, adubando, plantando e molhando os bulbilhos. O serviço carecia de água e, por isso, adquiri uma bomba manual com tubulação suficiente para irrigar os viveiros já existentes e outros muitos que seriam plantados.
Com a aquisição dos bulbilhos e algumas mudas resolvi, então, plantar uma área que correspondia a 40 tarefas, aproximadamente.
Ao ter conhecimento do plano do governo que se propunha a plantra em Nova Soure milhões de pés de sisal, o Agrônomo Darci Duque Catão, que, naquela época, residia em Queimadas, convidou-me para, em sociedade plantarmos um milhão de pés. Topei a parada. Sucede, porém, que a área requerida teria que ser muito grande e, ainda, segundo o Agrônomo Catão, teria de dispor de água, pois - dizia ele - que na colheita do sisal se precisava de muita água, o que era fácil de encontrar além dos limites do rio Itapicuru.
Catão desistiu do projeto, mas, não obstante as ponderações por ele feitas quanto à falta de recursos financeiros de tamanho porte, insisti no propósito do plantio e nas caatingas da Fazenda Pau-Ferro meti mãos à obra. No começo botei quatro trabalhadores, na semana seguinte já eram dez e assim foi crescendo semanalmente o número de trabalhadores, e quando dei por mim já eram cerca de cem, roçando, derrubando, coivarando, tendo à frente Dionísio Sousa. Foi aí, então, que verifiquei que necessitava de dinheiro para continuar o trabalho. Vim a Salvador e uma pessoa amiga indicou-me o Instituto Central de Fomento Econômico da Bahia ( transformado no atual BANEB) e disse-me que procurasse Efrahim Borges, a quem expus o meu plano e solicitei um empréstimo de vinte contos de réis, o qual , depois das formalidades bancárias exigidas, me foi concedido pelo prazo de dois anos e seis meses. Aplicados os vinte contos de réis, o plano exigia mais dinheiro e, assim, o Instituto emprestou-me 70 contos e mais tarde assinei um contrato de 200 contos, quando eu já havia cercado mil tarefas com sete fios de arame farpado e já havia plantado cem mil covas de sisal, mudas que vieram de Feira de Santana, enviadas pela Secretaria de Agricultura, para Serrinha e dali em viagens de estrada-de-ferro para Queimadas, de onde eram transportadas em carros-de-bois para a Fazenda Pau-Ferro.
Ao ter certeza do financiamento, procurei o alemão K. Schimth para que ele estudasse uma máquina para desfibrar sisal, trazendo para isso algumas folhas. Feita a máquina, mas verificando a crise de gasolina, comprei um automóvel velho, tirei o motor e construí um aparelho a gasogênio, que era muito recomendado naquela época. Iniciada a colheita - cujas primeiras vendas fiz a J. Bandeira - um dia bati um molho de sisal num legado e a fibra ficou macia o que me chamou a atenção para vir ainda a K. Schimth para que o mesmo estudasse uma batedeira. Foi feita a primeira batedeira e tempos depois, a segunda. O exemplo estava dado.
Antes, porém, de fazermos a primeira batedeira, inventamos um estranho engenho q era o seguinte: providenciamos um toro roliço de madeira, fincamos duas forquilhas na altura de 60 cm, atravessamos o toro e assim começamos o batimento do sisal.
É este resumo do depoimento que nso prestou Umbelino Santana, que, logo que teve mudas de sisal disponíveis, convidava lavradores para plantar sisal, dando as mudas para plantio. Na janela de sua residência (foto) em Queimadas colocou uma placa com os seguintes dizeres: " Lavradores: plantem sisal. Umbelino dá as mudas.
Em 1950, Umbelino Santana iniciou vendas para a Alemanha (Gremen), em lotes de 50 toneladas. Hoje, aqueles plantios iniciais se multiplicaram e somam 1.500.000 covas de sisal, fora 600.000 de que dispões em sociedade com os filhos.( dados de 1983)
Mas, não ficou somente nisso o trabalho de Umbelino Santanapelo sisal. Fez muito mais, ao doar terrenos de sua propriedade da Fazenda Gregório para que nelas se instalasse um núvleo colonial à base do sisal, o que foi feito pelo Governo Federal. ao tempo em que o Engenheiro-Agrônomo Renato Gonçalves Martins exercia a diretoria do Serviço de Imigração e Colonização do Ministério da Agricultura.

Queimadas que por um bom tempo foi referência em cultura do sisal na região, hoje, este praticamente inexiste, o que foi uma grande perda econômica para o município.

Fonte:( Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag.75/76/77 )


2 comentários:

  1. Olá boa tarde, gostaria de saber se o senhor Nonato Marques tem noticia sobre uma pessoas que desapareceu desde 1970, ele era trabalhador rural no municipio de Queimadas trabalhava com a ida o sisal, o nome do desaparecido é FERNANDO CLEMENTIMO DOS SANTOS. Ele atuava nas usinas de sisal, em Queimadas, Lagoa do peixe, Santa luz . Uma outra informação que tenho é que ele nasceu na cidade de Carrapichel, por favor caso alguém tenha alguma informação sobre o paradeiro dessa entre em contanto comigo, pois se trata de uma pessoa muito importante para mim.

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  2. Olá boa tarde, gostaria de saber se o senhor Nonato Marques tem noticia sobre uma pessoas que desapareceu desde 1970, ele era trabalhador rural no munciípio de Queimadas trabalhava com a lida o sisal, o nome do desaparecido é FERNANDO CLEMENTIMO DOS SANTOS. Ele atuava nas usinas de sisal, em Queimadas, Lagoa do peixe, Santa luz . Uma outra informação que tenho é que ele nasceu na cidade de Carrapichel, por favor caso alguém tenha alguma informação sobre o paradeiro dessa pessoa entre em contanto comigo, pois se trata de uma pessoa muito importante para mim.

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