quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

JOÃO LANTYER DE ARAÚJO CAJAHYBA



JOÃO LANTYER DE ARAÚJO CAJAHYBA (foto)


Filho de Francisco Lantyer de Araújo Cajahyba e de Joaquina Nonato Borges Cajahyba, nasceu em Queimadas/BA em 24 de setembro de 1895; casou-se com Maria de Lourdes, sua prima, em 24 de setembro de 1925. Do casamento advieram- lhe seis filhos e de união anterior, duas filhas.
Após a morte de minha mãe em 25/04/1935 passou a conviver com Maria Cândida de Abreu, com quem se casou em 1975. Não tiveram filhos.
Foi Coletor Federal de 1917 a 1957, quando se aposentou. No desempenho de suas funções houve-se com ética, competência, espírito público e dedicação ao trabalho.
Por amor à sua terra natal recusou transferência para coletorias em cidades mais prósperas, como Vitória da Conquista e Serrinha. Paradigma de cidadão: íntegro, justo, leal, pacífico, ponderado, conciliador, bondoso, inteligente, comedido, trabalhador e criativo.
Cordial e afável no trato. Mesmo em momentos de crise não alterava a voz. Irradiava tranquilidade. Sua alma era límpida, sem problemas, sem mágoas, sem ódios, sem rancores.
Por natureza era introvertido e, por opção, fatalista.
Quando algo o incomodava, franzia o cenho e ficava taciturno, todavia, uma conversa agradável deixava-o à vontade, descontraia-o.
Sensível, mas emocionalmente controlado. Nunca o vi exasperar-se, proferir palavrões, expressões chulas ou mesmo palavras ásperas, ofensivas a quem quer que seja. Aceitava os revezes da vida com digna resignação.
Raramente externava sentimentos. Aparentemente impassível, quando sofria ficava em silêncio. Alegria, por maior que fosse a satisfação, manifestava-a com um sorriso manso, quase imperceptível.
Sem o saber, era um estóico, cujo ideal era “viver em perfeito acordo e em total harmonia com a natureza, dominando suas paixões e suportando os sofrimentos da vida cotidiana até alcançar a mais completa indiferença e impassibilidade diante dos acontecimentos”.
Tinha bom senso e acuidade para analisar fatos e inferir possíveis consequências, de tal sorte que parecia adivinhar.
Por sua compostura, seriedade, equilíbrio e imparcialidade, impunha respeito e confiança. Excelente mediador. Sua opinião quase sempre era acatada.
Exímio epistológrafo tinha rara facilidade para comunicar-se, concatenar idéias e narrar, com acuidade, fatos e acontecimentos. Sabia como poucos, prender a atenção do ouvinte quando descrevia situações, ocorrências ou quando contava histórias, anedotas.
Não tinha vícios.
Mantinha relações amistosas com aqueles que o conheciam.
Dedicou a vida ao trabalho e à família.
Responsável, educou os filhos com afeto e amor. Com sacrifício proporcionou-lhes preparo intelectual e formação universitária. Esforçava-se por minorar a falta do carinho materno.
Ensinava-lhes, com o exemplo e com palavras, preceitos de educação social, doméstica, de higiene e etiqueta. Transmitia-as contando estórias por ele criadas que ficavam gravados na mente das crianças para sempre. Não lhes impunha sua vontade, seus desejos, mas sabia conduzi-los com prudência e acerto.
Seus conselhos eram ponderados e ditos com sutileza em conversas despretensiosas, mas deixava transparecer seu ponto de vista, sua opinião.
Sugeria-lhes o que achava certo e explicava o porquê de seu entendimen-
to. Não exigia obediência cega. Lançava as sementes do bem e aguardava
que germinassem.
Assim procedia para que nos tornássemos responsáveis por nossos
atos. Procurei seguir seus conselhos. Nas encruzilhadas da vida sua inspi-
ração foi preciosa.
Outra faceta de sua personalidade era a preocupação em não ferir susceptibilidades, em respeitar a personalidade do ser humano.
Quando menino eu dizia que queria ser padre. As pessoas mais próximas emitiam opiniões, faziam troças. Não obstante de papai nunca ouvi qualquer comentário. Ignorou-a. Falava que meu irmão deveria ser médico ou militar, eu juiz, e as meninas professoras. Sem imposição foi o que aconteceu.
Sem ser carola, assistia às missas aos domingos e, após o culto religioso, visitava as irmãs e pessoas amigas.
Em determinada época foi político. Comparecia aos atos cívicos, aos eventos políticos e sociais.
Estando ao seu alcance cooperava com a administração pública e com a coletividade no que fosse para melhorar a vida comunitária. Amava sua terra de onde nunca quis sair.
Seu amor à natureza fê-lo transformar em um belo bosque o sítio
onde está o chalé.
Dedicava-se ao criatório de gado vacum mais pelo prazer de criar do que por proveitos econômicos, pois as secas frequentes dizimavam o criatório. Costumava dizer: – “Nessa terra não se cria, judia-se”.
Apreciava trabalhos manuais.
Distraia-se fazendo pequenos reparos.
Fisicamente era bem apessoado, forte, boa estatura.
Era cuidadoso, quase vaidoso, no trajar. Enquanto esteve em ativi-dade era raro vê-lo em manga de camisa. Usava, com habitualidade, o traje social completo com paletó, chapéu, gravata e sapato. Mesmo em casa era difícil encontrá-lo à vontade.
Assim era Papai.

( Antônio Lantyer)

Fonte: http://chalelantyer.blogspot.com/2010/03/meu-pai.html

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