terça-feira, 31 de janeiro de 2012

FILARMÔNICAS

                                Foto: Sociedade Lyra Queimadense, ano 1915.

FILARMÔNICAS

Existiram em Queimadas, no começo do século, duas Filarmônicas: a Lyra Queimadense e a União Recreativa. Não conseguimos saber, ao certo, a data exata da fundação de cada uma delas. Sabemos, entretanto, que começaram a funcionar na vila antiga, vulgarmente chamada Rua Velha, destruída pela enchente de 1911.
Essas duas sociedades musicais eram rivais entre si e entre elas preponderavam divergências políticas municipais. Quem era da Lyra não se afinava com o pessoal da União Recreativa e as preferências da sociedade local se dividiram entre as duas entidades. E esse sentimento era tão forte que se manifestava até nos trajes nos dias de festa: as moças, adeptas da Lyra, se trajavam de verde e branco, e as da União de vermelho e branco. Os homens ostentavam distintivos com as cores preferidas.
As filarmônicas alegravam a vida parada da localidade com seus ensaios, com as suas retretas, com os seus desafios e com as suas disputas nos desfiles que faziam em dias e momentos solenes. De ambas saíram bons músicos que se salientaram, também em outras paragens. Dentre estes, destacaram-se Vianinha que regeu filarmônicas em Santaluz, Serrinha, Alagoinhas e se transferindo para São Paulo e ali continuou a cultivar a arte magnifica e que tanto se devotara. Antônio Gonzaga, um verdadeiro talento musical que o meio e época em que viveu não permitiram que granjeasse a notoriedade a que fazia jus. Era compositor, músico e regente dos mais brilhantes. Regeu filarmônicas em Queimadas; Serrinha; Alagoinhas, além de ter sido músico militar em Aracaju durante vários anos. As composições de Gonzaga, belas e muitas delas avançadas para a época em que foram escritas, deveriam ser coligadas e incorporadas ao patrimônio artístico do município.
Outros músicos se salientaram nessas duas filarmônicas: Amphilóphio Teixeira, João Nascimento, Jonas e Possidônio de Matos, Henrique Rosa, Vital Cruz ( Landi), Manoel Amâncio de Sousa, Sinfrônio Lírio, Oscar, Euláli, Sobral, Bina etc. Essas duas filarmônicas funcionaram até 1918, quando, praticamente, se extinguiram.


     Filarmônica Recreio Queimadense, sob a presidência do Sr. Hermógenes Primo. Anos 60.




RECREIO QUEIMADENSE

A Sociedade Filarmônica Recreio Queimadense surgiu precisamente em janeiro de 1925. No ano anterior, de 1924, a euforia era geral devido às boas safras obtidas. Isso motivou um alto negociante local, Durval Marques da Silva, de tradicional família do município, a criar uma banda de música de Queimadas, aproveitando os instrumentos ainda válidos das antigas filarmônicas extintas, Lyra Queimadense e União Recreativa, bem como os músicos remanescentes que ainda se encontravam na vila. a idéia inicial partiu de José Francisco do Nascimento, Tabelião e um apaixonado até a morte por esse tipo de organização musical.
A idéia foi, de pronto aceita e, ato contínuo, convocada uma grande reunião, a qual compareceram os cidadãos de maior projeção da terra. Marcada a eleição da Diretoria foi, na oportunidade, escolhido o nome de "Recreio Queimadense" para a nova filarmônica, tendo sido Durval Marques da Silva o seu primeiro presidente por sufrágio unânime dos presentes. Isaías Gonçalves de Amy, funcionário da estrada-de-ferro, foi convidado a reger a banda. Posteriormente esta estava sob a regência de Antônio Gonzaga.
A " Recreio Queimadense" marcou época na crônica musical de Queimadas pela brilhante atuação que teve durante o primeiro período de sua existência.
Depois de muitos anos de sucesso, a banda voltou à atividade e, nos anos 80, participou da vida social da cidade e das cidades vizinhas, onde comparecia, quando convidada, para abrilhantar festas religiosas populares.

Fonte: ( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.208/209/210 )

Atualmente, apesar de todos os problemas enfrentados, para o seu funcionamento, a filarmônica de Queimadas, ainda permanece viva, devido a perseverança de um grupo de jovens que se esforçam para mantê-la.




 HARPA DE OURO

Por iniciativa de João Nascimento foi organizada no começo da década de 20 uma orquestra de moças, dela fazendo parte, dentre outras, Alice Rego, Joaninha e Maninha Miranda, Dadá e Clarice. A Harpa de Ouro animou muitas festas locais, tocando em casas de família, em comemorações, aniversários, casamentos e batizados, como era de costume na época.

Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag. 210.













AS TREZENAS DE SANTO ANTÔNIO

                     Foto: Colina de Santo Antônio ( Av. Osvaldo Lantyer)- Queimadas- Bahia

AS TREZENAS DE SANTO ANTÔNIO

As trezenas são bastante animadas. Cada noite é dedicada a uma categoria social, sendo que cada qual quer se apresentar melhor, ornamentando a igreja, queimando fogos, mobilizando gente.
A igreja dista pouco mais de quinhetos metros da cidade. A ida às trezenas se constitui num verdadeiro acontecimento para todos, principalmente para os mais jovens que seguem aos pares, animados e enamorados, pela Avenida Osvaldo Lantyer até o adro da Matriz, onde as cantoras no coro entoam os seus hinos de louvor:

Meu insígne português
oferecer-vos hoje quero,
de todo o meu coração
este meu culto sincero...

Ou então:

Salve, ó Santo Antônio
oucí os rogos meus,
e misericórdia
alcancai de Deus...

Ou ainda:

Bem merecestes
ter com amor
em vossos braços
o Salvador...

E todos felizes, cantando:

Glorioso Santo Antônio
por vossas trezenas queridas
derramai as vossas bençãos
durante as nossas vidas...

À medida que as trezenas vão chegando para o fim a animação cresce. As noites mais animadas são as das moças e dos rapazes do longínquo ano de 1928, da qual participei ativamente e para cuja oportunidade escrevi o soneto Oblação a Santo Antônio, que na ocasião, foi honrado com leitura pública feita pelo arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, D. Augusto Álvaro da Silva - também poeta primoroso - que então passava por Queimadas com destino a Monte Santo.

Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas- pag.162.


PARTEIRAS

    Foto: Capa do vídeo-documentário que serviu de TCC do curso de Jornalismo,na Faculdade 2 de Julho - Salvador Bahia, produzido por Liriane Lírio, em homenagem à saudosa Sinforosa Lírio.


PARTEIRAS

As parteiras ou aparadeiras sempre foram pessoas respeitadas e reverenciadas na comunidade. As mais antigas de que se tem lembrança foram as velhas Quintina e Ciriaca. Prestativas e habilidosas, ajudavam a vir ao mundo muitas gerações de queimadenses. A mais popular, a mais famosa de todas foi, sem dúvida alguma, dona Sinforosa Lírio que pelo prestígio próprio em decorrência da sua atividade benemérita, exerceu em várias legislaturas a vereança no município. Bateu o record de crianças aparadas, desde que iniciou a sua missão no ano de 1933 quando, a 6 de agosto, veio ao mundo por suas mãos um criança que recebeu o nome de Raimunda Lopes. Daí por diante fez do seu trabalho um verdadeiro sacerdócio, sendo que o milésimo parto a que assistiu foi de um menino, a quem a mãe, em homenagem à velha e boa parteira, deu o nome de José Mil. Ao falecer, em junho de 1968, registrados estavam 4.279 partos por ela feitos.

Fonte: Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag. 201.


A sua filha Raimunda Lírio, deus continuidade so trabalhos de apartar crianças, tendo parado há poucos anos esses serviços.






LAMPIÃO EM QUEIMADAS - 1929.

                                        Foto: Oleone Coelho Fontes

Ao completar cinquenta anos di sanguinário assalto de Lampião à cidade de Queimadas, o Jornalista Oleone Coelho Fontes (foto) - que passou parte da sua adolescência naquela localidade - rememorou o lutuoso fato em reportagem publicada no jornal "A Tarde", de 14 de dezembro de 1977, que abaixo está reproduzido na íntegra.

Na cidade de Queimadas
Ele entrou de supetão
Prendeu todos os soldados
que tinha no Batalhão
Interrompeu telegramas
Fez baile de boas damas
No outro dia, bem cedo
Para quebrar o jejum
Desatou a soldadesca
E sangrou, de um a um
Quando furava sorria
Lambia a faca e dizia
Hum! Um gosto de jerimum*

(*) Antônio Teodoro dos Santos in " Lampião, o Rei do Cangaço".

Texto de Oleone:

22 de dezembro de 1929 é uma data turva e melancólica na história de Queimadas. Naquele domingo, ainda inesquecível na memória de muitos que presenciaram episódios de violência sem par, Lampião, acompanhado de mais 15 cangaceiros, penetrou na pequena vila com uma tranquilidade de quem chega em velho e seguro coito, pegando a população inteiramente desprevenida. Nenhum dos habitantes daquela vila, que umas três dezenas de anos antes, assistira a intenso movimento de tropas oficiais se dirigir a Canudos dali voltando derrotadas, esfarrapadas, mutiladas, famintas e finalmente vitoriosas, acreditava que Virgulino e sua cabroeira tivessem o atrevimento de ali entrar, uma vez que Queimadas se encontrava guarnecida por uma tropa composta de 7 soldados comandado por um sargento.

O ASSALTO

Começou quando um caminhão da antiga Inspetoria Federal de Obras das Secas ( IFOCS, atual DNCOS), chegou à margem do rio Itapicuru trazendo o bando procedente de Cansanção. Aqui os cabras encontraram os irmãos Carlos, Hilário e Irênio Marques. Estes foram imediatamente presos e intimados a providenciar canoas para conduzir os bandoleiros ao outro lado do rio. Chegando à outra margem, o bando deu voz de prisão ao oficial de justiça, Alvarino que ali se encontrava. Este pensara, por seu lado, que os invasores pertenciam à polícia pernambucana. Alvarino foi obrigado a conduzir o grupo até a residência do Juíz preparador, Manoel Hilário do Nascimento.
Ao penetrar na vila o bando dividiu-se em em duas partes: uma dirigiu-se à estação da estrada de ferro e outra se dirigiu em direção ao quartel.
A ala que apoderou da estação prendeu o telegrafista Joaquim Cavalcante e o agente Manuel Evangelista. Cortaram os fios do telégrafo. Em seguida procederam à vistoria das gavetas e bilheteria, tomando 217$700 pertencentes à estrada de ferro "e 40 e tantos mil-réis do agente".
Os bandidos fecharam a estação e ficaram com as chaves. Os dois prisioneiros foram levados para rua sob ameaça de morte. Um dos assaltantes, apontando o fuzil para a rua, intimou-o a lhe dar 500$000 com a condição de este nada contar ao "capitão" (Virgulino), sob pena de aali mesmo ser executado. O telegrafista, no entanto, nada tendo consigo foi, mediante ordem, tomar a importância referida ao Sr. Antônio Araújo (Totonho), sendo solto após a entrega da quantia exigida. O agente, todavia, continuou como prisioneiro a fim de mostrar ao bando as casas dos negociantes, até às 18 h, quando foi mandado para casa sob a condição de não sair dali para lugar nenhum, mesmo se visse que a estação estava em chamas.
A outra ala do grupo, chegando ao quartel encontrou os soldados inteiramnte alheios ao assalto de que estava sendo alvo aquela vila de não mais de 3 mil habitantes, à época. O sargento Evaristo, comandante do destacamento, no instante em que os cangaceiros entraram no quartel descia as escadas, de pijama, com uma toalha no pescoço, para o banho. Alguns historiadores afirmam, entretanto, que ele no momento se achava deitado numa rede, lendo a bíblia, pois era crente da seita Batista. Os soldados jogavam ronda (segundo depoimento de Labareda a Estácio Lima), outros dormiam e o sétimo deles, sobrinho da esposa do sargento Evaristo, se achava na Rua da Bomba (baixo meretrício).
Deusdedith Barbosa de Souza, 76 anos, casado, comerciante, conta que o bando chegou a queimadas por volta das 4h da tarde. (João Muniz Barreto, à época representante comercial e correspondente de jornais da capital, precisa o exato momento como tendo sido às 15h30min.). Tinha então "Seo" Deusdedith, 29 anso de idade e tomava conta de uma casa de comércio de propriedade de seu pai, Hermelino Barbosa de Souza.
- Eram ao todo 16 cangaceiros. Volta Seca não passava de um garotinho de 15 anos de idade.
A população de Queimadas, segundo vários entrevistados, tinha ciência de que o bando de Lampião se encontrava naquela zona. Não imaginavam todavia que ele tivesse a ousadia de surgir naquela vila, já que lá havia um destacamento de 7 soldados e um sargento. De sorte que, quando os facínoras apareceram nas ruas nenhuma reação foi esboçada- da população ou da polícia.
- Eu estava na venda- prossegue "Seo" Deusdedith- na hora em que o grupo passou. Nem tomei conhecimento. Pensei que fosse alguma força das pernambucanas. Na época era comum as forças por aqui passarem, à procura de revoltosos ou em perseguição de cangaceiros vindos da Bahia, de Pernambuco, de Sergipe, deste mundo todo. Pensei comigo: " esta deve ser a força do capitão Macedo". À frente do bando seguia o oficial de justiça (Alvarino), o que reforçou mais a minha idéia de tratar-se da força sob o comando do capitão Macedo. subiram em direção ao quartel. Uns 15 minutos depois fechei a venda e fui para minha casa. Passei pelo grupo. Notei que entre eles havia um soldado. Até então não me passava pela cabeça que estivesse ali a dois passos de mim o " capitão" Virgulino Ferreira da Silva e sua gente. Foi no que encontrei Dona Generosa Crespo e ela me disse: " Deusdedith, aquele é o grupo de Lampião". Ainda assim não acreditei e teimei com ela que não era não, que aquele era a força do Capitão Macedo. Não se acreditava que Lampião tivesse a coragem de invadir um lugar guarnecido por uma força policial.
De sua casa "Seo" Deusdedith garante ter visto com precisão o pulo que o chefe dos bandidos deu para o interior do quartel e bradar para os que ali se encontravam: " É lampião...".
Defronte ao quartel o grupo foi estrategicamente subdividido em duas partes: uma correu para esquina, outra para a esquina contrária. Indagaram pelo carcereiro (de nome Elesbão), que se achava ausente naquele instante. Ordenaram que ele viesse. Tão logo o carcereiro apareceu, o próprio Lampião exigiu que fosse aberta a porta do xadrez e soltos os presos ( 3 ou 4, "Seo" Deusdedith não se lembra com precisão quantos. Sabe que estavam recolhidos por crimes de homicídio). dois dos presos eram ex-soldados que haviam cometido assassinato e estavam aguardando ordem para serem transferidos para a Penitenciária do estado, em Salvador. Labareda, em depoimento a Éstacio de Lima, assegura que " tava preso, incrusive, dois sordado aqui tinha bulido com a fia dum véio, i entonces o véio arrecramô e eles tinha matado u "véio". No lugar dos presos foram trancafiados os soldados do destacamento, depois de devidamente desarmados. Um dos praças, que no momento se achava ausente, quando soube que Lampião havia prendido seus colegas de profissão, veio se entregar.

A CHACINA

Havia uma senhora da nossa sociedade - conta "Seo" Deusdedith - Dona Santinha (Austrialina Teixeira, esposa de Amphilóphio Teixeira) - que usava um trancelim de ouro muito bonito no pescoço. Lampião, entrando em sua casa notou o trancelim de ouro maciço, jóia valiosíssima e fez elogio ao trancelim. Dona Santinha imediatamente retirou a jóia e ofereceu ao capitão Virgulino. Este, aliás muito costesmente, recebeu a jóia, agradeceu e disse: " Dona Santinha, agora a senhora tem o direito de me fazer um pedido, pois dizem que bandido não tem palavra". Ela pediu então que ele poupasse a vida do sargento Evaristo, alegando ser ele um crente da igreja Batista (religião que ela frenquentava), e ajuntou ainda tratar-se de um cidadão direito, honrado, excelente pai de família. Lampião, um tanto contrariado, garantiu a D. Santinha que a vida do sargento seria poupada, acrescentando: " Nunca poupei vida de um 'macaco', mas eu ja disse que a senhora tinha direito aum pedido e vou garantir minha palavra, pois bandido também tem palavra".
O próprio sargento, comandante da tropa, recebeu das mãos do chefe supremo do cangaço, um mosquetão (sem balas), e onde este ia aquele o acompanhava.


                Foto: Ponto atravessado por Lampião e seu bando, em 22 de dezembro de 1929.

João Lantyer, segundo à direita, com seu "Ford Bigode" (foto). Na extrema direita, o mecânico Patápio. Foto de 1928. Possuiu-o por pouco tempo. Vendeu-o para atender ao pedido da esposa, que temia que, em suas viagens, fosse novamente abordado por Lampião. Informação de Antonio Lantyer, seu filho, in Chalé Lantyer

Ali, João se encontrava com o mecânico Pedro Patápio realizando consertos no seu "Ford Bigode”. Após breve conversa com Lampião, que solicitou o automóvel para adentrar a cidade no mesmo, informando-o que este se encontrava, como se podia perceber, com defeito, foi deixado para trás. Isto, enquanto o cangaceiro despachava alguns cangaceiros para neutralizar o telégrafo e avançou adentrando a cidade.



O Dr. Manoel Hilário do Nascimento (foto), Juiz Preparador do Termo, estava entretido com alguns amigos, entre os quais o tabelião José Francisco do Nascimento, numa agradável prosa domingueira, quando, de repente, chega o oficial de justiça, Alvarino, preso pelo cós das calças e anuncia, com voz embargada: " Doutor, o Capitão Lampião."
Imediatamente, o Juiz e todos que ali se achavam foram presos.
Ao ver o Juiz, o escrivão, o oficial de justiçae o tabelião, todos negros, Lampião ironizou-:" Que terra desgraçada, toda a justiça é negra". E voltando-se para o Dr. Manoel Hilário, indagou com sarcasmo: "Então você é mesmo doutor?" - Ao que o Juiz respondeu: " Sou, sim senhor. Sou bacharel..."
Lampião prosseguiu na chicana: " Deixe ver suas mãos". Mostradas as palmas das mãos sem um calo sequer, Lampião exclamou: " Que negro bom para uma enxada".
Depois destas e outras humilhações, Lampião, sem perda de tempo, deixou uma guarda tomando conta do juiz e dois dos seus amigos prisioneiros e seguiu para assaltar o quartel.

Fonte: Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas, pag.139)



 LAMPIÃO ROUBA, ASSALTA E MATA EM QUEIMADAS 1929.
(Antônio Monteiro)

Quem poderia um dia imaginar que o tão famoso bandoleiro do sertão, tivesse em seus planos de ladrão e homicida, a coragem de invadir Queimadas, uma cidade pacata, mas estratégica, com serviço de telégrafo e trem usual? Pois, invadiu!

LAMPIÃO CHEGA À QUEIMADAS

O Rio Itapicuru estava cheio. João Lantyer, Coletor Federal, irmão de Zulmira, estava na oficina de Pedro do Pataco, quando passava vindo do rio, um grupo de cerca de 18 homens armados, que o deixou confuso, porque o sargento Evaristo, Comandante do Quartel da PM, esperava uma Volante, na qual o Comandante era seu amigo e viria almoçar com ele.




ZULMIRA LANTYER RECONHECE LAMPIÃO

As 10:30 horas do dia 22 de dezembro de 1929, um domingo, em plenos preparativos para os festejos do natal e do ano novo, um grupo de moças, entre elas Zulmira Lantyer (foto), ensaiava em casa uma peça teatral para ser apresentada na noite de natal.
Da janela da casa, umas das moças confunde o bando de cangaceiros com uma Volante. Porém, Zulmira, que conhecia o facínora através de retratos em jornais, o reconhece, e fala para as amigas: - É o bando de Lampião. E, o que vai na frente é o próprio. A jovem Zulmira sai correndo e espalha a notícia da invasão de Lampião na cidade, contudo, o povo, não acredita nela.



                                foto: Estação ferroviária de Queimadas- Bahia

DISTRIBUIÇÃO DOS CANGACEIROS

Arteiro, Lampião designou dois cangaceiros para tomarem de assalto a Estação de trem de Queimadas. Na estação cortaram os fios do telégrafo, danificaram o aparelho, roubaram o dinheiro e ficaram de campana.


                               Antiga prefeitura e quartel onde aconteceu a chacina.

LAMPIÃO CHEGA AO QUARTEL

Como se conhecesse Queimadas como a palma da mão, com a maior facilidade, Lampião chega ao Quartel da Polícia Militar. O facínora na frente. Sem nenhum escrúpulo o grupo invade o quartel.
Todos os dias - diz seu Nôza - eu ia levar comida para um preso de Itiúba, que era compadre de D. Marocas, minha mãe, quando vi o bando. Dentro do quartel, sentados no último degrau da escada havia dois soldados brincando com umas pedras no piso riscado. O bando fez uma volta no salão e cercou os soldados, que “bateram” continência para Lampião. O cangaceiro – chefe repudiou veemente: - Baixe os braços, macacos! Eu sou o bandido Lampião! Os soldados ficaram paralisados.
Lampião abriu a porta da cadeia e soltou os doze presos (assassinos e ladrões). Inclusive um soldado da PM que havia estuprado uma criança. Em seguida, Lampião utilizando-se de um apito (artifício que o sargento usava para chamar os soldados com urgência ao quartel), fez com que os outros soldados, até mesmo o Sargento Evaristo, voltassem correndo para o quartel, sendo surpreendidos pelos cangaceiros e presos na cadeia.
Na época eram exatamente sete soldados e um sargento. Na porta do quartel, do lado de fora, ficara um cangaceiro com a arma apontada para dentro, em sinal de vigília. Após essas atitudes, Lampião deixou alguns cangaceiros tomando conta do quartel. Com treze “cabras” desceu pela cidade e foi à casa do juiz, Dr. Hilário.

ACERTO COM O JUIZ

Com o Dr. Hilário, Lampião acertou que o mesmo fizesse uma lista de nomes de pessoas influentes e de posses. Imediatamente as intimasse a comparecer com urgência na casa do referido juiz.
Cada pessoa intimada pelo senhor Alvarino, que chegava à casa do juiz, lhe era estipulado uma quantia em dinheiro ou em jóias, para entregar a Lampião. O senhor Francisco Moura (Catita), Escrivão Estadual, responsável pela Coletoria, disse a Lampião que poderia lhe dar quinhentos mil reis, e deu. Desse modo, cada pessoa intimada deu ao cangaceiro a quantia negociada. Totalizando: 22.345$700(vinte e dois contos, trezentos e quarenta e cinco mil e setecentos reis).

LAMPIÃO DECLINA SUA FALSA BONDADE

Quando seu Catita entregou a Lampião os quinhentos mil reis e o coronel Hermelino entregou oitocentos mil reis, Lampião disse ao então Escrivão da Coletoria Estadual, que por aquela importância que lhe era entregue, se a família Moura viesse a sofrer alguma necessidade, tirasse dali o dinheiro que poderia impedir o efeito citado, ficando o total, diante do que afirmara seu Catita.
Lampião, então comentou, que os valores arbitrados foram pelo juiz e não por ele. Disse também: “eu sei que negro só tem juízo pela manhã, mas num dia deste, com bandido na porta em demadrugada, tem. Que daquele dinheiro que estava tomando, poderia ser taxado de ladrão, mas não ficaria com um tostão, porque, utilizaria todo dinheiro para pagar as bala que comprava dos próprios macacos; tanto que as balas do seu bando eram todas do ano de 1930, enquanto as dos macacos eram de 1910 a 1930, que não serviam nem pra matar cachorro”. E exibiu seus cartuchos.

A RAZÃO DE SER BANDIDO

Segundo história narrada por Lampião, na casa do Dr. Juiz Pretor, a causa de sua vida de bandido foi à morte de seus genitores praticada por dois policiais a mando do Cel. Chefe Político. Ainda jovem fora queixar-se da morte dos pais na delegacia de polícia, onde foi barbaramente espancado. Mais tarde, resolveu falar com o juiz, onde após relato de toda história, inclusive do espancamento sofrido, recebeu apenas o conselho de entregar o caso a Deus, pois os políticos eram maus e estavam com o poder, havendo o perigo de ser molestado se fosse mexer com o caso.
Não satisfeito, Lampião resolveu matar o Chefe Político, e logo vendeu tudo o que tinha. Com o dinheiro apurado foi até a fazenda do Coronel e o matou. Mais tarde mandou avisar na cidade seu mal feito e fugiu para bem longe.
A perseguição para prendê-lo foi enorme, até que um dia, em um local muito distante, indo ao povoado, Lampião disse ter visto o seu retrato com uma oferta de duzentos mil reis para quem apresentasse sua cabeça. Neste mesmo dia, quando estava comprando uma fruta, foi abordado por dois soldados que lhe deram ordem de prisão. Mas num lance rápido, tomou a arma de um soldado e atirou no outro, matando-o. Apossando-se das duas armas. No quartel liberou o preso que ia para a penitenciária, sendo este seu primeiro companheiro da jornada de bandido.
Como bandido, o seu propósito era não entregar-se de maneira alguma à polícia, em virtude da liberdade que usavam os criminosos de seus genitores.

O MASSACRE NA PORTA DO QUARTEL

Às 18 horas, Lampião saiu da casa do juiz e voltou ao quartel. No passeio do quartel, em voz alta disse que iria matar todos os macacos. Que as pessoas (civis) se abrigassem em suas casas, atrás de paredes, pois, não gostaria de saber que uma bala do seu bando havia atingido um civil. O Sargento Evaristo pediu que Lampião o livrasse de ver os seus soldados sendo assassinados a sangue frio. Que preferia ser o primeiro a ser morto. Lampião, com muita raiva, mandou que o sargento se afastasse imediatamente do quartel.

CHAMAMENTO PARA A MORTE

Um a um os soldados eram chamados para fora do quartel. Lampião fizera uma espécie de meia lua com seus homens. Aos soldados, ele mandava que os mesmos se abaixassem para tirar a caneleira da botina. Quando o soldado se abaixava Lampião atirava na nuca. Os seus “cabras” iam sangrando os mortos e os colocando na porta da prefeitura, lado a lado.

SOLDADO CORAGEM


Um dos soldados, também com o nome de guerra Evaristo, ao ser chamado para a morte, pela janela do quartel tentou agredir Lampião e foi agarrado por seus “cabras”. Entrou em luta corporal com Volta Seca.
Dominado, mas, denotando muita coragem, diz para Lampião: “ – Você é muito macho com um fuzil e um punhal na mão. Vamos lutar homem a homem com fuzil ou punhal!” Volta Seca pediu a Lampião que queria sangrar o soldado. Com um punhal sangrou o soldado Evaristo e bebeu o sangue. Depois, no passeio onde é hoje a Câmara dos Vereadores, vomitou. E, onde hoje é o Banco do Brasil, vomitou novamente o sangue do soldado.



Cópia do documento de identidade do sargento Evaristo, comandante que sobreviveu ao ataque de Lampião ao quartel de Queimadas- Bahia, em dezembro de 1929.


UM CONDENADO ESCAPOU DA MORTE


Um dos oito militares capturados, apenas o sargento Evaristo Carlos da Costa, comandante do destacamento, escapou. Durante o espaço de tempo que esteve preso, foi obrigado a percorrer as ruas pricinpais, já condenado, acompanhando o grupo, armado de fuzil sem balas, no ombro. A seu lado o perverso cangaceiro Antônio de Engrácia lhe sussurrava nos ouvidos: - Mais tarde o galo vai cantar nos seus ouvidos.
Ouve-se nos bares em Queimadas, que o Sgt PM Evaristo foi obrigado por Lampião a vestir saia, sutiã, blusa de mulher e sapato alto. Desfilar rebolando pelas ruas da cidade, os “cabras”, em volta dele, mangando. Graças, no entanto, ao pedido formulado por D. Santinha, esposa de Amphilóphio Teixeira, escrivão da Coletoria Federal - o que representou exepcionalíssima concessão do rei do cangaço - que o sargento Evaristo escapou.
Ângelo Roque, no mencionado depoimento ao professor Estácio de Lima, confira o fato, dizendo que o sargento, se não fosse à intervenção da moça, igualmente “tinha caído no ferro”. E acrescenta que pensaram que o sargento trabalhava pra eles, o que não passava de grosso equívoco. No processo a que respondeu pesava sobre o sargento a acusação de traição.
O fato extraordinário de o sargento Evaristo haver escapado com vida se deve a uma jóia, sem que o sexto sentido não tenha também contribuído. Conforme umas das versões, o que ocorreu foi o seguinte: Lampião, na companhia de alguns cangaceiros, ao invadir a residência de Amphilóphio Teixeira, observou que sua esposa, D. Santinha, usava um lindíssimo trancelim de ouro no pescoço, tendo para as jóias palavras de elogio e admiração. D. Santinha, farejando o interesse do bandido por seu pingente de ouro, retira e o oferece a Lampião. Este num ímpeto inesperado, do qual amargamente se arrependeria lhe declarou: - A senhora agora tem o direito de me fazer um pedido. Dizem por aí que bandido não tem palavra, mas eu quero mostrar à senhora que bandido também tem palavra.
Naquele momento a vida do sargento foi poupada. D. Santinha pediu por ele, que sua vida fosse preservada, pois tratava-se de cidadão correto, crente, excelente pai de família, homem temente a Deus, religioso e de muito caráter. E continuou a tecer elogios até ser atendida. Notou, todavia, que Lampião ficara constrangido e embaraçado, seguramente por não esperar pedido daquele porte. No entanto, refazendo-se da surpresa, disse: - Nunca poupei vida de macaco, mas eu já disse que à senhora tinha direito a um pedido e vou garantir a minha palavra. Bandido também tem palavra. E se depender de mim o sargento só morre de velho.
Realmente, a profecia aconteceu, e o sargento Evaristo morrreu de velho.
Lampião, depois do massacre, ainda deu um baile no Clube e foi embora com seu bando pela madrugada do dia 23 de dezembro de 1929. Daquele dia trágico na pacata cidade, de cidadãos ordeiros, ninguém esquece. O Quartel, ainda hoje, maio de 2009 é o mesmo. Pessoas, tais como: João de Alice, Joel, Nôza, guardam na memória aquele dia triste, marcado de muito sangue em Queimadas. Dizem que as marcas de sangue dos soldados até o presente momento estão incrustradas no passeio do Quartel.

ALGUMAS AUTORIDADES DA ÉPOCA

1.Intendente: Aristides Simões.
2. Delegado: Durval Marques.
3. Juiz de paz: Pedro Primo.
4. Coletor Federal: João Lantyer.
5. Escrivão da Coletoria Estadual: Francisco de Moura e Silva (pai do Sr. Nôza).
6. Juiz Pretor: Dr.Hilario (um negro).
7. Serventuário da Justiça Estadual: Alvarino.
8. Dr. Sampaio.
9. Antonio Araújo – Banco do Brasil.
10.Waldemar Ferreira – comerciante.

VERDADE OU MENTIRA?

No decorrer do ano de 1960, dizem que Lampião, já sem a indumentária de cangaceiro, esteve em Santa Luz, na casa comercial do Sargento Evaristo. Em 1962, - diz seu Nôza – meu filho, Francisco, em Apipucos-PE, ouviu uma conversa entre dois senhores, onde um afirmava estar Lampião, numa fazenda ali perto. Uma senhora de Queimadas, que viajava sempre pra São Paulo, numa dessas viagens, num trem, em Minas Gerais, encontrou-se com um senhor idoso que disse conhecer muito bem Queimadas, indicando pontos reais. Ao despedir-se, o referido idoso falou que era o cangaceiro Lampião.
O senhor Luiz Soares, juntamente com um amigo, esteve na residência de Lampião, na fazenda Rio Verde em Teófilo Otone, em Minas Gerais, onde conversou com Lampião que estava muito doente. Isso em 1977. O que supomos que o referido cangaceiro, estaria com cem anos. Verdade ou mentira?


 Rara Fotografia de Lampião e Seus Cabras: em Queimadas na Bahia, Logo Depois do Massacre a Vila de Santo Antonio Das Queimadas em 1929.

Vê-se na Fotografia: 1-Lampião 2-Corisco 3- Marreco 4-Azulão 5-Luiz Pedro 6-Cravo Rôxo 7-Moita Braba 8-Português 9-Volta-Sêca.
A Fotografia é em Frente a Antiga Delegacia de Queimadas Bahia em 22 de Dezembro de 1929.

Fonte: http://portaldocangaco.blogspot.com/2011_12_01_archive.html


A ARRECADAÇÃO EFETUADA POR LAMPIÃO E SEU BANDO EM QUEIMADAS BAHIA
EM DEZEMBRO DE 1929.


A seguir, damos uma relação das quantias arrecadadas, conforme reportagem de João Muniz Barretto, publicada no " O Jornal", de 26/12/1929, diário que se editava na Capital da Bahia. João Muniz Barretto se achava em Queimadas na ocasião, no desempenho de sua atividade de representante de algumas firmas deste e de outros estados.
Foi arrecadada a importância de vinte e dois contos trezentos e cinco mil e setecentos réis (22:345$700), do seguinte modo:

* Waldemar ferreira, representante de Fernandes, Mota & Cia.... ......400$000 e um relógio e cadeia de ouro.
* Francisco Machado Bastos, representante de José Bastos & Cia....400$000 e um par de mostruário.
* Lauro Pomponet, representante de Lopes, C ardoso & Cia............400$000 e uma mala do mostruário.
* Isaac Araújo, representante de Antonio Bacelar e Cia, de Serrinha.400$000
* Estação da Estrada-de Ferro.........................................................217$700
* Telegrafista Joaquim Cavalcanto, tomados a Antônio Araújo...........500$000
* Agente Manoel Evangelista...............................................................45$000
* Antônio Francisco da Silva.............................................................500$000
* Dr. Sampaio................................................................................1:000$000
* Umbelino santana, fora mercadoria...............................................1:000$000
* Hermelino Barbosa......................................................................1:000$000
* Luiz Sant'Anna.............................................................................1:000$000
* Ezequiel Pereira ..........................................................................1:000$000
* Jayme Antônio (coletor estadual)....................................................500$000
* Francisco Moura( Escrivão da coletoria estadual)............................500$000
* Coletoria Federal.........................................................................1:150$000
* Elias Marques.................................................................................500$000
* Manoel Ferreira Silva......................................................................500$000
* Celso Lantyer..................................................................................600$000
* José Lino da Costa..........................................................................500$000
* Antonio Salles..................................................................................550$000
* Antonio Araújo (correspondente do Banco do Brasil)....................2:500$000 e animal, arreios, etc...
* Irênio Marques................................................................................200$000
* Bento Coelho de Sousa...................................................................340$000
* Pedro Andrade................................................................................500$000
* Pedro Primo....................................................................................900$000
* Araújo e Oliveira...........................................................................1000$000
do mesmo em mercadorias.................................................................600$000
* Tertuliano Lino................................................................................500$000
* André Martins................................................................................943$000
do mesmo em mercadorias................................................................200$000

Total:............................................................................................22:345$700



Depois da coleta o grupo sinistro se dirigiu para o quartel da força pública para consumar a tragédia.



Fonte: (Nonato Marques. Santo Antonio das Queimadas. pag. 141)



                              Túmulos dos soldados Aristides e Justino (foto de Sérgio Dantas)


A MATANÇA NO QUARTEL DE QUEIMADAS EM 1929.

Eram 18:30 horas, aproximadamente. Depois de embolsar o dinheiro extorquido, Lampião resolveu liquidar os soldados que estavam presos, o que fez covardemente, com o maior sangue-frio, do lado de fora da cadeia, na calçada de cimento que, por algum tempo, conservou a mancha vermelha do massacre. Foram tirados do xadrez, um a um, e cada qual de per si receberia um tiro de mosquetão na cabeça e era, logo após, sangrado barbaramente.
Lampião, pessoalmente, realizou a execução, auxiliado por outros cabras, dentre os quais se salientou Volta Seca que sangrava as vítimas depois de baleadas e que, após a chacina, ainda andou publicamente lambendo a lámina do punhal ensanguentado, reclamando que o padrinho Lampião só lhe dera quatro macacos para sangrar. Labareda diz, em seu relato, que Volta Seca o que fez foi por ordem de Lampião que tinha que ser obedecido. Diz também, que ele tomou parte no massacre igual com os outros, juntamente com os grandes do cangaço.
Segundo depõe Labareda, quando Lampião deu ordem para a matança dos soldados, houve tiros, e muita gente correu pensando que tinha irrompido uma "brigada". Acrescenta ele que uns dois macacos morreram de "fazer gosto", enquanto os outros esmoreceram. Só pediam para viver. Houve o caso de uma anspeçada, homem carregado de filhos, que chegou a se ajoelhar e rogar que não o matasse porque ele daria baixa da polícia. Lampião não o poupou, dizendo-lhe: - " Quando eu encontro macaco da Bahia, mesmo que esteja com os dedos furados de rezar rosário, eu não perdôo". E executou o pobre homem que tinha uma família numerosa de nada menos de nove filhos.

Nome dos Mortos:- Soldados: Olímpio de Oliveira; Aristides G. de Sousa: José Antônio Nascimento; Inácio Oliveira; Antonio José da Silva; Pedro Antônio da Silva e anspeçada Justino N. da Silva.

Fonte:( Nonato Marques. in Santo Antônio das Queimadas. pag.142)




 EVARISTO CARLOS DA COSTA- SOBREVIVENTE DA CHACINA DE QUEIMADAS EM 1929 (FOTO)  POR OLEONE COELHO FONTES:

Não foi tarefa das mais fáceis conseguir entrevistar o sargento Evaristo, aos 85 anos de idade, vivendo modesta e anonimamente na cidade de Santaluz, único sobrevivente daquela chacina. todos os seus amigos, mesmo os mais íntimos, sabem-no um homem ainda profundamente abalado pelos acontecimentos trágicos e inesquecíveis daquela antevéspera do natal de 1929. Pr outro lado, Evaristo se acha bastante enfermo, com sérios problemas circulatórios e cardiovasculares. conseguir fotografá-lo, por exemplo, foi uma dificuldade que durou meses.
Ter escapado das garras de Lampião e seus facínoras com vida deixou-o, além de traumatizado, com forte complexo de culpa, já que todos os seus comandados foram massacrados friamente, às suas vistas, sem que ele nada pudesse fazer. A partir daquele dia o sargento Evaristo se tem terminantemente recusado a abordar o assunto: nunca deus entrevista a jornalista, jamais recebeu em sua casa estudioso do fenômeno cangaço, em tempo algum permitiu que alguém tocasse no assunto, mesmo de leve, mesmo indiretamente. E todos que com ele convivem sabem-no um homem reservado, criterioso, sistemático, a ponto de não permitir brecha para que aqueles fatos sejam ventilados. Considero, pois, uma façanha não propriamente o ter entrevistado, mas conseguir que ele, de propósito, aceitasse repassar o assunto. tive de apelar para velhas amizades de família - do meu avô e do meu pai ele foi amigo íntimo.
- Eu me considero um homem protegido por Deus- afinal consegui escapar tanto das garras dos bandidos como da própria justiça que me julgou após a chacina de Queimadas. fui acusado de dessídia, de negligência, de ter feito pouco caso do perigo que Lampião representava para aquela comunidade estava sob minha proteção. Respondi a um inquérito que me deu muitas dores de cabeça. Por todos os lados eu só escutava a palavra: " culpado". Houve até quem sugerisse que eu deveria me suicidar. Mas suicidar por que? Eu fora poupado pela proteção Divina, minha hora não havia chegado, como é que me davam um conselho estúpido daquele? Foi, graças a Deus e a habilidade de dois grandes advogados- Gilberto Valente e Nestor Duarte- que fui absolvido...por unanimidade. na verdade eu não entendia porque me acusavam de negligente: eu não tinha realmente conhecimento da presença do bando de Lampião naquela zona. a última notícia que me chegara aos ouvidos era de que o grupo se achava lá pros lados de Capela, em Sergipe. Como é que eu poderia imaginar que eles chegariam de repente em Queimadas?
- No dia seguinte que estive à mercê dos bandidos não avreditei escapar de jeito nenhum com vida. Eles não chegaram a me maltratar, mas um deles por mais de uma vez sussurou juntinho de mim: " mais tarde o galo vai cantar nos deus ouvidos". E aquela desgraça ocorreu justamente ba vespera de eu viajar para Salvador, a fim de ir buscar o soldo dos soldados que, naquela época, recebiam seus vencimentos na capital, por meu intermédio.
- Quando foi concluído o inquérito a que o senhor respondeu?
_ Em 1931. Fui (e repito) absolvido por unanimidade. E ainda ganhei um elogio de Auditoria, através do major Alcebíades Calmon de Passos. Disse ele:" Quem lhe absolveu não foram os advogados, nem os jurados, nem ninguém. Foi a sua própria conduta de 21 anos de comportamento sem jaça".
- Como militar, onde o senhor serviu?
- Em Camaçari, Belmonte, Conceição do Coité (2 vezes), Santaluz, Itiúba, Senhor do Bonfim, Juazeiro, Casa Nova, Barra (2 vezes), Carinhanha, Rio Branco (antigo urubu, hoje Ubatinga), Barreiras, Nova Soure, Cipó, Monte Santo. Andei por este mundo afora jogado de um lado para o outro, feito bola em campo de futebol. O caso é que eu sempre fui muito rebelde a certo tipo de autoridade autoritária. Estive ainda em Queimadas e em Santo Antonio de Jesus...
Para Nilton Oliveira, 52 anos, casado, negociante da cidade de santaluz, o sargento Evaristo é um homem metódico, até certo ponto arejado, iste é, um homem com hábito comum de leitura. Além de ser uma criatura muito bem relacionada na cidade de Santaluz, tendo ali exercido a profissão de comerciante varejista de gêneros alimentícios durante décadas, o que deixou por força da idade.
Em Santaluz o sargento Evaristo por duas ou três vezes exerceu o cargo de delegado de polícia, posição que desempenhou com dignidade e zelo. Como amigo- finalizou - é um homem dotado de qualidades exemplares.
Para Hiran Carvalho Barreto, 43 anos, casado, atual prefeito de Santaluz, o sargento Evaristo é uma pessoa " com quem mantenho os mais estreitos e íntimos laços de amizade e companheirismo, por ser excepcionalmente honesto, leal, homem de palavra, caráter incomum".
As atividades atuais do sargento Evaristo se resumem em ler diariamente a biblia ( continua crente fervoroso Batista), receber amigos em sua casa para prosa amena sobre os diversos problemas atinentes ao país, à Bahia e á sua comunidade. Ele confessa não passar sem ouvir, todas as manhãs, " O Trabuco", pela Rádio Bandeirante de São Paulo, apresentado pelo veterano e cáustico Vicente Leporacem não deixando de ser, sobretudo, um homem profundamente solitário.

Nota: O sargento Evaristo faleceu pouvo tempo depois de haver sido publicada essa reportagem.

Fonte: (Nonato Marques. Santo Antonio das Queimadas. pag.155/156)


  Foto: Sargento Evaristo, sobrevivente da chacina cometida por Lampião em Queimadas- Bahia em 1929. Pousando ao lado do Quartel onde ocorreu o fato. Foto de 1928.

               Foto: Apecto da Vila de Queimadas, 1920, 9 anos antes da passagem de Lampião

DEPOIS DA MATANÇA O JANTAR- Queimadas, dezembro de 1929.

A dona da Pensão se chamava Júlia, mulher um tanto corpulenta, cadeiruda, já andando, na ocasião, pela casa dos quarentas anos. Era, portanto, uma madurona vistosa. Para ela Lampião mandou por João Balaio o seguinte Bilhete:

" Sra D. Júlia
Por este portador mande 500$000 sob pena de pedir mais- Lampião".

E pelo mesmo portador mandou um recado: que preparasse jantar paea ele e para os companheiros. Ao que Júlia teria respondido que não preparava jantar nenhum, que fossem comer no inferno. João Balaio dá a resposta e Lampião ruma para a Pensão, a fim de tirar satisfação.
Júlia é ameaçada de morte, mas se desmancha em desculpas, enquanto João Balaio foge espavorido. Nada aconteceu além disso, porque Júlia conseguiu convencer a Lampião não ter dito que " não preparava o jantar".
Lampião, jantando, declarou que desejava viver sossegado em lugar se o governo não o perseguisse. Nessa mesma ocasião do jantar, um dos bandidos disse, com ar de galhofa: - que " os soldados presos estavam com uma febre desconhecida e que davam uma tremedeira e caíam" e perguntou às pessoas que por ali estavam se " não tinham ouvido os estalos do cafuné?.
Os caixeiros viajantes que ali estavam hospedados, serviram de garçons, juntamente com o Prof. Antonino Rocha, funcionário do Estado, que estava de passagem por Queimadas.

Fonte: (Nonato Maques. Santo Antônio das Queimadas. pag. 144)


Lampião assiste cinema- trecho do livro " Santo Antônio das Queimadas" de Nonato Marques.

Após jantar, arrotando e palitando os dentes, Lampião e sua gang se dirigem para a Sociedade Filarmônica Recreio Queimadense, clube musical então presidido por Durval Marques da Silva. No salão principal funcionava semanalmente um pequeno cinema mudo que, nesse domingo, anunciava a projeção de uma fita intitulada Ninho de Amor. O cineminha era de propriedade de Umbelino Santana.

Carta de Lampião ao Governador


Na parede do comprido salão da Sociedade, Lampião garatujou a lápis a seguinte carta ao Governador do Estado:

"22 de dezembro de 29
Peço desculpa ao Governadô em EU Capt. Lampeão dar Este Paceio aqui Em Queimadas e assenti Em Um Senema lhe digo deveria não Endoide Seu Governadô Vitá Suor apois com sua Perceguição
Estou Engordando até penço que vou E mé cazar.
Virgulino Ferreira Lampião
Governadô do Sertão."

Escrita a carta neste diapasão de chicana, Lampião mandou passar a fita programada, mas, pouco tempo depois se aborreceu e mandou parar a projeção.



Depois te tudo um forró ( passagem de Lampião em Queimadas -1929)

Junto ao cinema morava Félix Rato ( pedreiro, mestre-de-obras) em casa que ainda hoje existe do mesmo jeito que era naquela época. Para lá Lampião se dirigiu com seu grupo. E em poucas horas, arrumaram uma festa que se prolongou até cerca de 3 horas da madrugada.
Labareda, ao rememorar o fato, diz que de noite foram dançar na Intendência, com luz de motor, o que é um equívoco. A festa foi mesmo na casa de Félix Rato, o mestre "grau" que tantas coisas construiu em Queimadas.
A propósito, informa Labareda: " Lampião preveniu os cabras que num quiria farta de respeito com as famía. Us pessoá quiria mulé foi percurá as muié sortera nas ponta de rua. Elas inté chamava a gente pra ganhá seu dinheiro..."
A informação é absolutamente correta. Apesar de terem comparecido obrigadas (é claro), as " moça novinha, as mulé casada e as sortera, tudo junto, e os furdunço das dança pela noite toda," como relembrou Labareda, o baile transcorreu sem nenhum atentado a moral.
Começaram dançando apetrechados , como estavam, armados com dois punhais, dois revólveres e fuzil. Como o apetrecho era muito incômodo e dificultava os passos, desarmaram-se, mas as portas ficaram guarnecidas por outros cabras que ficaram rondando por fora como sentinelas.

Fonte: (Nonato Marques.Santo Antônio das Queimadas. pag. 145)


                                Foto: Lampião e seu bando em Pombal.

 RELATO ISAAC PINTO DA SILVA, DE ITIÚBA.

"Da Tapera eles desceram para Camandaroba. Daí foram batê na Queimadas. Chegaram lá de noite. Cortaram o fio do telegrafo. Prenderam os soldado que tinha. Soltaram os presos e deixaram os soldados presos. E dançaram a noite todinha. No outro dia, só era chamando de um e um. E era só atirando e o Volta Seca sangrano. Mataram os sete. A finada Delmira e o finado Baró iam para a Várzea da Roça de tardezinha. O Baró tinha um cavalo e ele levava a mulher na garupa. Quando viram, se toparam de testa. Eles correram".


RELATO DE ROBÉRIO PONTO DE AZEREDO DE ITIÚBA

"Ele aí desceu em Dezembro de 1929. Eu era bem menino e vi a hora que chegou o portador na casa do Capitão Aristides. Lampião tentou entrar em Itiúba. Passou pelas cercanias duas vezes. Em 1929, ele desviou e a passagem dele foi para Queimadas. Aquele dia foi trágico. Véspera de Natal. Lampião trucidou sete soldados. Soltou os presos e depois matou um a um. Só deixou um sargento que pediu para ele não matá-lo."



Foto: Germinia Pinho da Silva Góes, Nascida em 23 de Junho de 1928. Mora em Araci-Bahia. Foi visitada na infância pelo bando de Lampião. Relato feito em Dezembro de 2007 à Fernando Tito.


Sabendo dos rumores que Lampião estava nas redondezas, meu pai José Tibúrcio da Silva, ao viajar para Queimadas mandou que minha mãe, Marcionília Pinho da Silva, fosse dormir na casa do cunhado (Martinho Pereira da Silva) que ficava perto, eu Germinia Pinho da Silva tinha apenas seis meses de idade. José Tiburcio da Silva como proprietário da Fazenda Paraíba, transportava daqui peles de ovinos, bovinos e caprinos que levava para Queimadas pois lá havia um curtume que era do Coronel Vicente Ferreira da Silva, que era primo de José Tiburcio da Silva. Ao chegar lá ele deixava as peles para serem curtidas e as que já estavam curtidas ele pegava para trazer, completando a carga com sacas de café que vinham de Jacobina para Queimadas.

Meu pai era dono de uma tropa de oito burros, sendo seu tropeiro o Senhor Higino morador da Fazenda Roda, ao chegar aqui na Vila do Raso, como era conhecido na época, meu pai tinha que ir prestar contas ao Coronel Vicente Ferreira da Silva, pois era ele que dava os fretes para meu pai conduzir. Foi no período desta viagem que Lampião chegou em João Vieira arraial de Araci, no mês de Dezembro de 1928, procurou saber quem era fazendeiro e quem tinha tropas de burros, alguém que se dizia ser amigo de meu pai informou a Lampião sobre meu pai e Lampião mandou o cangaceiro Corisco ir até a Fazenda Paraíba guiado por esta pessoa, pois não sabiam onde era a Fazenda, ao chegar não encontrando ninguém colocaram fogo na casa.

Quando foram cinco horas da manhã, pois eu acordava muito cedo para comer, minha mãe chamou as meninas para ir tirar leite das cabras, pois eu só tomava leite de cabra, ela me levava nos braços, ao chegar na malhada ela avistou o fogo em cima da casa e logo viram os cangaceiros com os fuzis, os burros amarrados e etc.

Ela respeitando os cangaceiros não seguiu, pediu que uma das meninas que ela criava que voltasse na casa do meu tio Martinho para chama-lo para poder encorajá-la, pois ele ia enfrentar eles, ao chegar trazendo consigo nos braços o garoto José Brígido da Silva (Zeles) que tinha apenas dois anos e dois meses de idade, ele se reuniu com minha mãe que estava comigo nos braços, ao se aproximar da fazenda ela avista a fumaça em cima do telhado, pois eles já tinham arrombado a porta e entrado, pegado dinheiro, peças de tecido de seda, saquearam a casa e depois pegaram querosene, que na época meu pai comprava querosene em lata, destelharam a cumeeira da casa ensoparam com o querosene e puseram fogo.




LAVAGEM DA IGREJA

                               Foto: baianas no cortejo cultural início da década de 80.

A LAVAGEM DA IGREJA

A tradicional festa de Queimadas, acontece sempre no último domingo do mês de maio, dando início às festividades das trezenas de Santo Antônio das Queimadas.
O nome da festa nos últimos anos sofreu modificação, por determinação dos representantes da Igreja católica, que pediram para retirar "Igreja de Santo Antônio", do nome, ficando oficialmente denominada "Lavagem de Queimadas", justificando que a festa perdeu completamente sua característica religiosa, transformando-se num evento eminentemente profano. Além da modificação no nome, ficou proibida também a tradicional lavagem do adro da igreja e a entrada de trios elétricos no perímetro da festa onde ficam as barracas.
Os saudosos queimadenses, nostálgicos, relembram da Lavagem da Igreja em outros tempos e falam que a festa perdeu muito de sua característica cultural, apesar dos esforços realizados pelo poder público nos últimos anos no resgate do cortejo cultural, que estava em vias de desaparecer, em virtude da modernização da festa através de blocos e trios elétricos, ganhando uma imagem micaretesca.
Segundo contam, a Lavagem da Igreja teve início quando um grupo de senhoras, tendo à frente a saudosa Sra. Sinforosa Lírio ( antiga parteira de Queimadas), se deslocavam até o Templo de Santo Antonio num movimento religioso que foi crescendo no decorrer dos tempos.
Logo abaixo, um relato do jornalista Louriel Bezerra, em 1983, sobre a festa:

" A animação é total, abrangente. Contudo, um detalhe: o cemitério anexo parece não se dar conta dessa movimentação. O respeito pelos que lá descansam é sagrado. E todos sabem disso.
A participação do trio elétrico e do povo dançando emprestam a esta festa um colorido todo especiai. Assim, acrescente-se o desfile de trajes típicos da Bahia pelos colegiais. Tudo dentro de um visual belo e característico de nossa terra. A festa é mística. Neste vai e vem ela atinge seu ponto culminante. Os devotos em razão da proibição do clero, numa repetição ritualística da festa da Lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim da Bahia, lançam por fora das grades do adro do Templo. água perfumada e ramos de flores, usados como vassouras, simbolizando a lavagem propriamente dita. A festa se prolonga até o fim do dia, que por sua vez, dá por aberto o ciclo das trezenas de Santo Antônio. No desfecho das impressões causadas e deixadas, uma confirmação: é sem dúvida alguma, a maior festa religiosa da região".

A seguir, uma reportagem do site Calila Notícia, sobre a 41º Lavagem de Queimadas:

"Terminou nas primeiras horas desta segunda-feira (30), os shows das bandas que se apresentam durante os três dias de festa da 41ª Lavagem de Queimadas. Várias bandas se apresentaram no palco armado no começo da ladeira de acesso a Igreja no Alto de Santo Antônio e no domingo (29), último dia, Seu Maxixe, fechou com brilhantismo o evento promovido pela prefeitura.
Por volta das 11h de domingo, aconteceu o cortejo com apresentações de diversas alas que conforme declaração do prefeito Sérgio Brandão ao CN, um dos seus objetivos era resgatar a parte cultural do evento.
A ala das crianças deu um brilhantismo especial na manhã de sol. Após alguns anos, os cavalheiros voltaram às ruas misturados com as baianas, uma marca forte da lavagem. Segundo os historiadores, foram elas que iniciaram os festejos que visava lavar a Igreja para os 13 dias de atos litúrgicos que prepara os fiéis para a festa de Santo Antônio.



                               Foto: Harmonia do Samba no Bloco ¿Será Que é Hoje? em 2011.

O desfile tem sido sempre o principal atrativo das manhãs do domingo dia maior da festa, que dá oportunidade as crianças e idodos a participarem.
Trazendo em seu repertório o melhor do pagode baiano, o Harmonia do Samba, liderado pelo vocalista de Xanndy fez o Bloco ¿Será Que é Hoje? sacudir com suas melodias, sucessos como “A Gente Sacode” “Comando”, “Selo de Qualidade” e “Rebola”. Xanddy esbanjou simpatia para todos e o expressivo público feminino foi à loucura com as famosas reboladinhas do carismático artista. O cantor entrou em cena por volta das 18h30 e no trio elétrico Twister, o primeiro a desfilar na avenida e um camarote andante. Segundo os organizadores, foram vendidos mais de 2.500 abadás e esgotado os ingressos de acesso ao camarote, novidade na festa da lavagem.

Fontes: (Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag.162)

             http://www.calilanoticias.com/2011/05/saiba-tudo-sobre-a-41%C2%AA-lavagem-de-queimadas-3.html



 Fotografia da chegada do cortejo cultural ao adro da Igreja de Santo Antônio, no ano de 1995.

 UM PRESENTE DO PASSADO
(Jesner A. Barbosa)


Reza a lenda que a primeira lavagem da Igreja de Santo Antônio de Queimadas foi realizada no final dos anos 40, há mais de seis décadas, portanto, tendo como principal personagem desse acontecimento histórico a então jovem senhora Sinforosa Lírio, célebre parteira e ex-vereadora do município, a nossa conhecida “Mãe Sinforosa”, auxiliada por outras vinte e cinco parturientes.
O movimento ganhou força e a cena interativa tornou-se habitual. Com as latas d’água equilibradas em rodilhas sobre as cabeças, trazidas do canal do rio Itapicuru próximo dali, as mulheres com entusiasmo lavavam o adro da igreja para, em seguida, dar início a Trezena de Santo Antônio – uma série de orações e práticas litúrgicas que se seguiam durante os 13 dias antecedentes ao dia do santo para obtenção de alguma graça divina.
Apoiado pelos párocos da igreja, o ritual religioso expandiu-se no decorrer dos anos evoluindo para as manifestações populares festivas organizadas por uma comissão composta de pessoas de destaque na sociedade queimadense para promover as feiras paroquiais, denominadas quermesses, animadas pela alegria das fanfarras e pelo deslumbramento dos parques de diversão, ao tempo em que rezavam as trezenas marcadas por ruidoso foguetório.
A festa culminava na noite do dia 13 de junho com uma procissão iluminada por velas acesas protegidas em cones de papel celofane levadas pelos fiéis, seguindo em cortejo pelas principais ruas da cidade acompanhado pelos componentes da Filarmônica Recreio Queimadense que, ao final, dirigia-se à colina sagrada conduzindo o andor do santo até o interior da igreja para receber a bênção do Santíssimo Sacramento.
A repetição desta manifestação popular inspirou o então Prefeito Abelardo Borges Simões de Oliveira que decidiu urbanizar a avenida que dá acesso ao templo cristão, e ao inaugurá-la no início dos anos 70, oficializou o já tradicional desfile da lavagem da Igreja de Santo Antonio nos moldes em que conhecemos hoje, fixando como data da festividade aquela correspondente ao último domingo do mês de maio, afastando, desse modo, a coincidência com a data comemorativa do santo padroeiro. Inovou ao introduzir os desfiles de carroças enfeitadas formando alas com temas folclóricos caracterizados por pessoas fantasiadas a caráter desfilando em cortejo pela cidade até o alto da colina sagrada. Ao final das trezenas a sociedade queimadense e demais convidados comemoravam o dia do santo padroeiro com uma bonita e concorrida festa de gala no Recreio Clube.
Desde então, retornamos à cidade para rever velhos amigos e parentes, assistir ao desfile e nos reunir nas imediações da Igreja de Santo Antonio a nos regozijar nesta data festiva que anualmente nos propicia este encontro de várias gerações de queimadenses com alegria e contentamento.
Nos primórdios, concebido como evento de cunho eminentemente religioso em congraçamento de fé, o cortejo sempre despertou nos sacerdotes certa resistência aos apelos populares festivos que aos poucos transformavam a festa. E a discórdia tem se agravado paulatinamente com a adesão de blocos carnavalescos animados por trios elétricos e a promoção de shows das bandas de forró estilizado, descaracterizando totalmente a festa religiosa na sua concepção original.
O fato é que, embora essa fusão de valores antagônicos desagrade aos religiosos, o povo tem demonstrado preferência pelo lado mundano da celebração, pois, ao que parece, deixa-se seduzir mais facilmente pelos cantos e ritmos que fazem a alegria da festa, mas que têm contribuído decisivamente para o crescimento cada vez maior desse evento e, por via de conseqüência, incentivando ainda mais os seus promotores e investidores.
É indiscutível que a religião faz parte da cultura de um povo e influencia a sua própria tradição. A Bahia é um forte exemplo dessa evidência, pois muitas das festas católicas transcendem a esfera religiosa para dar lugar às manifestações populares, ditas profanas, que se tornam naturalmente tradicionais não apenas pelo costume adquirido, mas, sobretudo, pela transmissão de hábitos culturais de geração em geração.
Neste diapasão, a cultura e a tradição com suas propensões para ritualizar e englobar conhecimentos constituem os mais importantes pilares de uma sociedade, configurando a sua própria essência. Elas não se confundem, mas guardam relativa dependência, já que a tradição faz parte da cultura, porém esta subsiste sem a tradição. Isso significa dizer que a tradição não sobrevive distanciada da cultura de um povo, sobretudo a religiosa.
A festa consagrada à celebração de Santo Antonio é vital para a comunidade religiosa de nossa terra, bem como é igualmente importante para as pessoas em geral que desejam participar dos folguedos e ambas as manifestações podem conviver pacificamente. É uma questão de organização e bom senso.
Trata-se de uma data memorável em que presenciamos continuamente a afluência de milhares de pessoas oriundas dos diversos municípios circunvizinhos e alhures para celebrar conosco a nossa devoção cristã, ao tempo em que nos alegramos nos reencontros de familiares e amigos distantes: a rezar, a sorrir e a cantar.
Infelizmente, o último dia 30 de maio – data em que se pretendia comemorar oficialmente o quadragésimo aniversário oficial do desfile da lavagem da igreja do nosso santo padroeiro, sob os auspícios do governo municipal – passou em branco em meio à turbulência jurídica que varreu os mandatários políticos. Naquela oportunidade única em que comemoraríamos solenemente data tão significativa, acontecimentos supervenientes precipitaram reações adversas.
A Câmara teria deliberado sobre um projeto de resolução de autoria do vereador Nilton Barbosa autorizando a fixação de uma placa alusiva ao fato histórico e ao seu organizador, mas ao invés de vivenciarmos um dia glorioso e festivo com a materialização de um momento mágico e revelador de nossas tradições, através de uma justa homenagem ao idealizador do evento popular mais representativo de nossa terra, presenciamos o abandono e o esquecimento.
Um fato deveras lastimável! Não pelo mandamus moralizador da justiça baiana que apeou do poder os maus gestores públicos, mas pela coincidência das datas que provocou a exoneração da cúpula governista e abortou a programação planejada.
Ao contrário da política que impera nos dias de hoje em que se sobrepõem os projetos pessoais e familiares, Abelardo Borges foi um político da era romântica dos homens públicos escorreitos e bem-intencionados; comprometido com as questões sociais priorizava as ações que beneficiavam a população, como a criação de empregos através de frentes de trabalho para construção de pequenos açudes e “aguadas” e a edificação de escolas nas áreas rurais, mesmo limitado aos orçamentos minguados de sua época. Era um homem honesto, desambicioso e sonhador que à frente da prefeitura deixou uma marca indelével em sua breve gestão ao oficializar um evento de forte apelo popular – uma realização que o tempo mostrou ser de grande valia e alcance social.
E isso nos leva a uma reflexão: alguns homens e mulheres são importantes pela ostentação de riquezas, pelos cargos que ocupam ou pela tradição familiar, mas, há os que se destacam pela generosidade que se traduz nas ações do cotidiano, da expressão de solidariedade e do amor ao próximo; outros, porém, tornam-se importantes por suas atitudes visionárias que embora passem despercebidas da maioria se revelam na perpetuidade do tempo e provocam atos de reconhecimento dos seus pares no futuro, como os que agora testemunhamos.
Como queimadense e sobrinho do protagonista mais destacado deste acontecimento, sinto orgulho do seu feito, e como cidadão me perfilo em sua homenagem como reconhecimento ao sucesso desta festividade sócio-religiosa, hoje inserida definitivamente no calendário dos tradicionais festejos juninos de nossa região.
Abelardo Borges é digno e merecedor de uma honraria maior, à altura do seu empreendedorismo em prol da preservação da cultura popular, e uma forma de valorizar o seu papel é perenizar o seu nome batizando uma rua desta cidade, de preferência em logradouro próximo ao local do evento, ou designando-o oficialmente ao circuito do cortejo público, além da placa comemorativa, como reconhecimento da população. Isso decerto trará algum conforto aos familiares e descendentes, além de servir de referência histórica exemplar às novas gerações.
Pensando a cultura como a representação das características e peculiaridades de um povo que envolve crenças, costumes e demais hábitos adquiridos ao longo do tempo, e a tradição como um conjunto desses atributos que são seguidos e partilhados sucessivamente por várias gerações, conclamo as atuais autoridades municipais e eclesiásticas para que mantenham o firme propósito
de cumprir a tradição da Festa de Santo Antonio em reverência à memória de nossa gente, identidade e preservação da nossa história para gáudio e afirmação de fé das futuras gerações.

Fonte: http://queimadasbahia.blogspot.com/search/label/Lavagem%20da%20Igreja%20Abelardo%20Borges%20Festa%20Santo%20Antonio


 Baianas cortejo cultural da Lavagem da Igreja. Década de 80.


A PROCISSÃO DE SANTO ANTÔNIO

                         Foto: Procissão de Santo Antônio em 2009 por Jonathan Thomas.

A PROCISSÃO

É um ato religioso que encerra o ciclo das festas dedicadas a Santo Antônio. A imagem desce da igreja da suave colina que domina o panorama inteiro da cidade e, com grande acompanhamento, percorre as ruas principais em seu andor enfeitado, conduzido por autoridades e devotos, aos sons de cânticos de glória e de músicas escolhidas da filarmônica que fecha o sacro cortejo.
O encerramento litúrgico ocorre com a benção que é dada na igreja nova, no centro da cidade.
À noite, há o tradicional baile nos salões do Recreio Clube, onde se reúne toda a sociedade local que se confraterniza com os visitantes.

Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag. 164.



Atualmente, a tradicional procissão de Santo Antônio, ainda se configura como um importante evento regioso, porém, houve uma modificação, no que se refere à saída, que Nonato citou como ocorrida da Igreja de Santo Antonio, percorrendo as ruas da cidade, até o seu encerramento na Igreja Matriz. Observa-se atualmente um movimento inverso: a concentração ocorre na Igreja central (Matriz), e após percorrer as principais ruas da cidade, sobe a colina sagrada com destino à secular Igreja de Santo Antônio das Queimadas, acompanhada por centenas de fiéis.
O tradicional baile de 13 de junho, citado por Nonato, não mais existe, assim como tantos outros que aconteciam no Recreio Clube de Queimadas, hoje relembrados com saudosismo por moradores da cidade.

EDUCAÇÃO

           Foto: Professora Maria de Lourdes Nonato Marques Cajahyba e o Sr. João Lantyer.

EDUCAÇÃO

É difícil determinar, por falta de elementos, quando teve início em Queimadas a criação das primeiras escolas públicas ou particulares para ministrarem educação primária. Há, entretanto, um documento bastante antigo, datado de 20 de fevereiro de 1864, da Diretoria Geral de Estudos da Bahia, assinado pelo Secretário Antônio Américo Barbosa de Oliveira, que trata da relação das cadeiras que, tendo sido supressas, ainda não haviam sido restabelecidas como dispunha o art. 3º da Lei 868, constando dentre elas, uma de sexo masculino, em Santo Antônio das Queimadas. Há notícias de que, no começo do século, o município da Vila Bela de Santo Antônio das Queimadas - que compreendia os então distritos de Itiúba e Santa Luzia - contava com seis escolas públicas, certamente distribuídas por essas localidades.
Nas primeiras décadas deste século, só existem em Queimadas duas escolas públicas estaduais: uma do sexo masculino e outra do sexo feminino. Naquele tempo não existiam escolas mistas. Havia separação dos sexos. Dentre os professores que ensinaram naquela época, há reminiscências de José Villarino Nonato Borges, de Rosalina Batista do Patrocínio, de Nazinha, de Áurea Dias e de Áurea Ferreira da Silva. A professora Júlia Soares regeu por vários anos a escola do sexo masculino, enquanto a professora Dulce Côrtes - esposa do Cel. Emydio Gonçalves Côrtes, então político de influência local - era titular da escola do sexo feminino. Posteriormente, essas duas escolas foram regidas pelas professoras Presciliana América dos Santos Souza e Maria José de Brito Costa. E assim permaneceu esta situação até que no começo da década de 30, a professora Maria de Lourdes Nonato Marques Cajahyba, foi nomeada adjunta da Escola Ruy Barbosa, passando logo depois, a regente da recém-criada Escola Monsenhor Elpidio Tapiranga.
Exerceram, também, o magistério em Queimadas, as professoras Elevina Rocha e Claudionora Noblat dos Santos, ambas, inicialmente, no povoado de Coxos, em épocas diferentes.
Houve, nos primórdios da vida municipal, algumas escolas particulares que visavam suprir a falta ou deficiência - quantitativa das escolas estaduais. Dentre elas, a do professor Wanwerley Simões de Oliveira, que exerceu também, a intendência no quatriênio de 1904/1907; a do padre Antônio Pimenta e a de Elias Simões. Merece destaque, por ter sido a mais atuante, a escola de D. Enedina Simões ( D. Maninha) que funcionou ininterruptamente durante quase duas décadas, prestando bons serviços à comunidade queimadense. Outras escolas particulares devem ter existido ao longo desses cem anos, mas delas não tivemos nenhuma informação.
No interior do município era comum, naqueles velhos tempos professores leigos serem contratados, com direito a casa e comida, para ensinar em fazendas onde permaneciam até que os alunos aprendessem a ler, escrever e contar, embora a maioria só conseguisse assinar o nome e a fazer garatujas. Mesmo assim, foram bastante úteis esses mestres-escolas ambulantes, pois os alunos mais aplicados aprendiam sempre alguma coisa que depois aperfeiçoavam na prática.

( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.178/79 )



     Foto: Antiga Mestra, professora Cecy Souza, grande ícone histórico da educação de Santo Antônio das   Queimadas, em escola no Chalet anos 20.





                               Foto: Escolas Reunidas Santa Bernadete em 2009.

ESCOLAS REUNIDAS SANTA BERNADETE

No ano de 1948, foi inaugurado o primeiro prédio escolar de Queimadas que é até hoje denominado: Escolas Reunidas Santa Bernadete, sendo a sua primeira diretora a prof. Maria Sequana Assunção.
Em 1959 foi nomeada Diretora das Escolas Reunidas a prof. Heidé Miranda Cruz.
Em 1960 foi nomeada diretora das Escolas Reunidas a prof. Isabel sales de Oliveira.
Em 1973 foi nomeada diretora das Escolas Reunidas a prof. Terezinha Carolina de Andrade- em 1975 foi nomeada vice-diretora a prof. Dinair Torres de Souza e Reis.

PROFESSORAS DE 1950/1959

Hildete de Freitas Lantyer
Elita Marques
Maria Bernadete de Lourdes Lantyer
Eleuzina Santana
Walkiria Vargas Leal
Alice Melo Fonseca
Maristela Araujo
Diva de Souza Terra Nova
Ivanir Lantyer da Silva
Josete de Brito Costa
Maria Stela de Brito Costa
Maria Aurí Coelho de Araujo
Antonina Alves Rego

DELEGADAS ESCOLARES

Haidé Miranda Cruz
Maria Aurí Coelho de Araujo

PROFESSORAS DE 1960/1969

Hildete de Freitas Lantyer
Eleuzina Santana
Walkiria Vargas Leal
Rachel Maria Cajahyba Oliveira
Selma Marques da Silva
Isabel Cordeiro Ferreira de Souza
Terezinha Carolina de Andrade
Maria Stela Brito Costa
Maria do Socorro Moura
Wilma Pedreira Costa
Josete de Brito Costa
Neide de Lourdes Lantyer Duarte
Sonia Maria Silva
Belanizia Marques da Silva
Sinalva Maria Gomes

INSPETORES

Renato B. Valverde
Carlos Corsino de Souza

DELEGADA ESCOLAR

Elita Marques

PROFESSORAS DE 1970/1979

Walkiria Vargas Santana
Terezinha Carolina de Andrade
Ivanir Lantyer da Silva
Rachel Maria Cajahyba de Oliveira
Maria Stela de Brito Costa
Maria do Socorro Moura
Wilma Pedreira Costa
Selma Marques da Silva
Isabel Cordeiro Ferreira de Souza
Josete de Brito Costa
Eleuzina Santana de Araujo
Neide de Lourdes Lantyer Duarte
Sonia Maria Silva
Belanisia Marques da Silva
Sinalva Maria Gomes
Marileide Souza Santana
Cleyde Araujo Guimarães
Nair Soares Nascimento
Celeste Maria Silva
Elenice Gomes da Costa
Maria Bernadete Goes dos Santos
Elenice Costa Rios

DELEGADA ESCOLAR

Ivanir Lantyer da Silva

PROFESSORAS DE 1980/1983

Prevalece o mesmo quadro anterior acrescido das seguintes professoras:

Maria Lúcia Andrade
Judith Moreira de Souza
Vera Lúcia Pinto Silva
Ione Rodrigues dos Santos
Marluce Santana da Silva
Solange Mirtes Andrade
Mariluce Ferreira da Silva
Rita de Cássia Salles Miranda
Ginai da Silva Bezerra de Araujo

( Fonte: Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag.181/82/83/84)


                                               Foto: Dr. Elzio Ferreira de Souza


MOVIMENTO PRECURSOR DO ENSINO SECUNDÁRIO EM QUEIMADAS

Em 1955 um grupo de pessoas esclarecidas se propõe a dar consequências práticas à idéia nascente da fundação de uma escola secundária em Queimadas. À frente desse grupo se encontravam o Dr. Elzio Ferreira de Souza (foto) e o Dr. José Abreu Filho, respectivamente primeiro Promotor Público e primeiro Juiz de Direito da então recém-criada Comarca, os quais, como precursores e líderes da idéia, convocaram toda a comunidade, poderes públicos, autoridades e comerciantes para darem apoio e colaboração à iniciativa que culminaria na criação de uma entidade civil, sem fins lucrativos, instalada no dia 7 de setembro de 1955 e denominada Associação de Educação e Cultura, cujo objetivo principal, contido nos seus estatutos, era o de orientar culturalmente os jovens, de modo a aproveitá-los pelo estudo e pela instrução, despertando-lhes as vocações e preparando-os para um futuro melhor.
No mesmo dia da sua fundação, isto é, 7 de setembro de 1955, elege-se a primeira diretoria da Associação que se empossa no dia 14 do mesmo ano, ficando assim constituída:

PRESIDENTE

Dr. Elzio Ferreira de Souza

VICE-PRESIDENTE

Dr. José Abreu Filho

PRIMEIRO SECRETÁRIO

Dr. Gui Enock Ninck Carteado

SEGUNDO SECRETÁRIO

Dr. João de Souza Guedes

TESOUREIRO

Abimael Marques da Silva

Além dos membros da Diretoria, assinaram a ata os seguintes sócios fundadores: Eduardo Garcia Prieto, Dr. Carlos Sampaio, Dr. Arlindo Borma de Oliveira, Moisés Marques Simões, Deraldo Dias Reis, Esdras Marques da Silva, Sinésio Moura e Silva, Vastir Dias da Silva, Mainart José Lírio Coelho, Itamaty Felipe da Silva, Ester Marques, João Luiz de Araujo, Jerônimo Dias, Valdemir Lantyer, Everaldino Evangelista, José Mauro Oliveira, Rejane Oliveira Sampaio, Elza Bacelar e Carlos Geraldo dos Santos.
Imediatamente se cogita de criar uma escola de segundo grau que recebeu o nome de Escola Comercial José de Alencar. Esta, entretanto, para funcionar precisava de quase tudo: prédio, material didático, organização para o fim que se propunha. Houve, então uma mobilização geral de vontade e esforços.
Para sediar a escola, a prefeitura cedeu um velho prédio que estava ocioso, onde tempos atrás, funcionara o açouge municipal na atual Praça da Bandeira, antigamente chamada praça nova ou rua de cima. O prédio já em ruinas, precisava ser restaurado e, para isso, desencadeou-se um movimento solidário que congregou, no mesmo propósito, professores, pais, alunos e pessoas de boa vontade que meteram mãos à obra, carregando tijolos, pedras, cimento, barro, areia, fazendo doações em materiais e dinheiro. Para conseguir fundos para a continuidade das obras, organizaram-se festivais cinematográficos, festas, teatro amador, livro de ouro, tudo enfim que pudesse ajudar na reconstrução. Afinal em abril de 1958 o prédio é inaugurado solenemente. A fita simbólica é cortada pela professora Cecy Souza, em homenagem à dignidade e modéstia da velha mestra queimadense. A aula inaugural é proferida por Eduardo Garcia Prieto. Assim começou a funcionar a Escola Comercial José de Alencar.
A luta, entretanto, prosseguiria. A escola contava com prédio, material, professores, alunos, mas lhe faltava a oficialização que só veio a ocorrer três anos depois, conforme publicação, no Diário Oficial do Estado de 24 de março de 1958, da portaria que a seguir transcrevemos:

DIRETORIA DO ENSINO COMERCIAL
Portaria nº 191 de 13 de março de 1958

O Diretor do Ensino Comercial do Ministério da Educação e Cultura, no uso das suas atribuições regulamentares e de acordo com o que estabelece a Portaria Ministerial nº 397, de 11 de junho de 1954, resolve conceder o título precário, à Escola Comercial José de Alencar, localizada em Queimadas, Estado da Bahia, autorização para funcionar com o Curso Comercial Básico até o fim do corrente ano letivo. (ass.) Lafayette Belford Garcia - Diretor do Ensino Comercial.
O inspetor da D.E.C., Waldir de Araujo Castro, em ofício de nº 10/58, autoriza o Exame de Admissão, o início das aulas e a prorrogação do período letivo.

PRIMEIRO CORPO DOCENTE

Dr. Elzio Ferreira de Souza
Dr. João de Souza Guedes
Professora Ivanir Lantyer
Professora Dianir Torres
Professora Antonina Alves Rego
Contadora Terezinha Garcia Prieto
Eduardo Garcia Prieto
Dr. Gui Enock Ninck Carteado
Professora Haidè Miranda Cruz

PRIMEIRO CORPO DISCENTE

Abimael Marques da Silva
Antonio Fernandes da Silva
Carlos Geraldo dos Santos
Daniel Marques da Silva
Deraldo Dias Reis
Donato Andrade da Silva
Mainart Lírio Coelho
Itamary Felipe da Silva
Antonia Barbosa de Araujo
Eliezer Dias da Silva
William Brasil de Andrade
Djael Dias da Silva
Esdras Marques da Silva
Everaldino Evangelista Sales
Isaltino Pereira da Hora
José Reinaldo de Araujo
Maria do Socorro Lírio de Souza
Romário Barbosa dos Santos
Humberto Belo da Silva
Silene Silva
Veralúcia Gonsalves Cajahyba
Vivaldino Moura

Em 1961 começaram a surgir as primeiras dificuldades. À Associação de Educação e Cultura começaram a faltar os recursos prometidos pelos poderes públicos, assim, sem meios para prosseguir, a Escola Comercial José de Alencar encerra as suas atividades em 1962. Mas, o ideal que a animara não pereceu. A semente lançada haveria de germinar mais tarde, dois anos depois, exatamente em 1964 quando foi fundado o Ginásio Municipal de Queimadas.

( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.187/188/189/190 )


COLÉGIO MUNICIPAL DE QUEIMADAS

O Colégio Municipal de Queimadas, foi criado por força do decreto municipal na administração do Prefeito Analdino Brito e as suas atividades específicas tiveram início em 7 de abril de 1964, data da sua instalação. A autorização para funcionamento foi concedida pela Secretaria de Educação e Cultura do Estado através de Portaria nº 7.331 de 19 de junho de 1970.
A primeira administração ficou aassim constituída:

Diretora
Ivanir Lantyer da Silva
Vice-Diretora
Maria Stela de Brito Costa
Secretária
Sônia Maria Silva

CORPO DOCENTE


Walkiria Vargas Santana
Ivanir Lantyer da Silva
Sônia Maria Silva
Pe. carlo Gabbannelli
Dr. Osvaldo Bento de Souza
Veralúcia Gonsalves Cajahyba
Francisco Moura

CURSOS NOTURNO E NORMAL

Através da Secretaria de Educação e Cultura do Estado, Portaria sob nº 998, de 05 de março de 1970, foram criados esses dois cursos que vinham funcionando desde 1968. Esses cursos, especialmente o Normal, vêm prestando relevantes serviços à comunidade queimadense. De 1970 a 1982 foram diplomados 214 alunos que optaram pelo magistério.

CORPO DOCENTE DE 1980/1982

Walkiria Vargas Santana
Ivanir Lantyer da Silva
Sônia Maria Silva
Celeste Maria silva
Sinalva Maria Gomes
Elenice Costa Rios
Elenita Barbosa Gonzaga
Wilson Evangelista dos Santos

CORPO DOCENTE 1983

Celeste Maria Silva
Celeste Maria Viana Pinheiro
Sinalva Maria Gomes
Maria Dolores Oliveira
Laurecí Lirio
Terezinha Carvalho da Silva
Selúcia Silva
Maria das Graças Lantyer Santos
Hildete de Freitas Lantyer
Railda Amaral
Carlos Alberto Lantyer da Silva
Maria do Carmo Nunes

CORPO ADMINISTRATIVO/ 1983

DIRETORA
Ivanir Lantyer da Silva
SECRETÁRIA
Sônia Maria Silva
ASSISTENTE DA DIRETORA
Ione Rodrigues Santos
ASSISTENTE DA SECRETÁRIA
Selúcia Silva

Fonte: (Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag. 191/192)

Foto: Colégio Municipal de Queimadas, década de 80.



   Foto: Professora Ivanir Lantyer - Uma das fundadoras do Colégio Municipal de Queimadas.

 Ex- Prefeito Analdino Brito, fundador do Colégio Municipal de Queimadas e suas irmãs: Edméa, Hilda e Terezinha.



              Foto: Professoras Neuza Lantyer, Rachel Oliveira e Elita Marques Bezerra, no pátio da   Escola Cecy Souza...anos 70


GRUPO ESCOLAR PROFESSORA CECI SOUZA

Realização do Programa Aliança para o Progresso, mediante convênio entre o Estado da Bahia, SUDENE e USAID.
Período de construção: 27/04/66 a 05/04/67

PROFESSORAS DE 1968/1982

Neyde de Lourdes Lantyer Duarte
Wilma Pedreira
Sônia Maria Silva
Ednéa Rodrigues da Silva
Elenice Gomes da Costa
Sinalva Maria Gomes da Silva
Dinalva Marques da Silva
Denise Belo da Silva
Evanice Gomes da Costa
Maria das Mercês Freire Varjão
Ana Maria Santos
Edna Gonçalves Moreira
Terezinha Ferreira da Silva

Em maio de 1968 foram nomeadas Diretora e Vice-Diretora as professoras Rachel Maria Cajhayba Oliveira e Eleuzina Santana de Araujo.
Em setembro de 1979 foram nomeadas Diretora e Vice-Doretora Celeste V. Pinheiro e Sinalva Maria Gomes da Silva.

( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag. 184/85 )

 

 GRUPO ESCOLAR HILDÉRICO PINHEIRO DE OLIVEIRA

Inaugurado em janeiro de 1971.

PROFESSORAS DE 1971/1983

Djanilda Carneiro da Silva
Dinair Torres de Souza Reis
Josefa Araujo
Belanízia Bezerra
Célia Maria Rios Ferraz
Maria Laciene Barbosa Moreno
Josenice Gomes Coelho
Neusa Silva dos Santos
Maria joseneide Mendes
Veralúcia Gonçalves Amador
Germana Gonçalves Araujo

Em 1971 a professora Aurí Coelho de Souza, então delegada escolar, ficou como responsável pelo Grupo.
Em 1973 foi nomeada Diretora Wilma Pedreira Costa.
Em 1977 foi nomeada a Vice-Diretora Sônia Maria Silva.

( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag. 186 )


             Foto:  Professora Selúcia Silva...prof. de matemática do Colégio Municipal e hoje Coordenadora do Dep. de Cultura do Município.


GRUPO ESCOLAR PROFESSORA MARIA DE LOURDES NONATO MARQUES CAJAHYBA

Inaugurado em 1976.

PROFESSORAS DE 1977/1983

Nair Soares Nascimento
Denise Belo da Silva
Maria das Mercês Freire Varjão
Izabel de Almeida Sobrinho
Maria do Socorro Soares
Maria Elita
Iara da Silva Morgado Leite
Terezinha Carvalho da Silva

Em 1979 foram nomeadas Diretora a Prof. Elenice Costa Rios e Vice-Diretora a Prof. Neuza de Lourdes Lantyer Batista.
Em 1981 foram nomeadas Diretora a Prof. Celeste Maria Silva e Vice-Diretora a Prof. Nair Soares Nascimento.
De 1977 a 1978 funcionou no prédio deste grupo escolar o Núcleo do HAPROL ( Habilitação de professores leigos), tendo como coordenadora a Prof. Ivanir Lantyer da Silva.

( Nonato Marques, in Santo Antônio das Queimadas. pag.185/86 )



   Foto: Colégio Municipal Domungos Badaró - Distrito do Coronel João Borges ( Riacho da Onça)- Queimadas-Bahia.
Atende com o sistema de ensino Fundamental à comunidade do Riacho da Onça e de seus arredores.