terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A EXPEDIÇÃO DE MOREIRA CÉSAR CHEGA A QUEIMADAS

                                             Foto: Cel. Moreira César.

A EXPEDIÇÃO DE MOREIRA CÉSAR CHEGA A QUEIMADAS   08-02-1897

As notícias desses desastres se espalharam pelos sertões e pelo país inteiro cuja honra diziam que estava sendo ultrajada por um punhado de jagunços e penitentes. Era preciso e urgente exterminar o foco místico e rebelde de Canudos e, para isso, uma terceira expedição, desta vez mais aguerrida e mais numerosa, deveria ser enviada para o teatro das operações nas caatingas. E assim se organizou a chamada Expedição Moreira César.
No dia 8 de fevereiro de 1897, os apitos dos trens anunciavam a chegada das tropas. E a modesta vila sertaneja foi novamente sacudida com os toques metálicos de clarins, com a percussão dos tambores marciais, com ordens autoritárias de comando, com o colorido das fardas militares, com o desembarque de 1300 combatentes.
A escassa população da vila assistia a tudo isso apavorada e boquiaberta. Ali estavam chegando: o Batalhão de Moreira César - 0 7º de Infantaria - ora sob o comando do Major Rafael Augusto da Cunha Matos; uma bateria sob o comando do capitão José Agostinho Salomão da Rocha; um esquadrão do 9º de cavalaria, comandado pelo capitão Pedreira Franco; o 16° com 28 oficiais e 290 praças; o 33º com 140 soldados; o 9º de Infantaria do Coronel Pedro Nunes Tamarindo; pequenos contingentes da polícia baiana. E Queimadas se transformou numa verdadeira praça de guerra. Por toda parte regorgitavam soldados. Tropas de burros chegavam trazendo mantimentos e material bélico. As boiadas arrastavam os cascos pelas estradas. Era um movimento enorme, um verdadeiro tumulto, pois a expedição estava com pressa de arrasar Canudos o mais rápido possível.
Ao chegar em Queimadas, Moreira César, informado de algumas supostas indisciplinas, mandou levar os acusados para uma lagoa que fica no caminho da Jacobina e ali foram açoitados e mortos. É por isso que a lagoa, ainda hoje se chama de Lagoa do Soldado. Contam, também que ao saber da existência de alguns feridos e doentes da expedição anterior no hospital improvisado na igreja de Santo Antônio, mandou prevení-los de que os que não estivessem em condições de com ele marchar para Canudos seriam sumariamente fuzilados. Isso fez com que muitos se levantassem e fossem se arrastando morrer na estrada.
Moreira César fora precedido pela sua fama sinistra de violento e sanguinário. Passou a ser chamado de Corta-Cabeça. Para os fanáticos ele era o Anti-Cristo de que falava o Conselheiro.
Logo que os preparativos se completaram, Moreira César deu ordem de partida. e uma extensa coluna que se estendia desde a estação da estrada-de-ferro até o rio Itapicuru se moveu como se fôra uma serpende descomunal prestes a desferir o bote premeditado. Atrás da coluna iam o comboio dos animais de carga e os carros que conduziam os canhões, enquanto cerca de duzentos bois trotavam pela estrada tangidos pelos voluntários da polícia. houve uma parada em Contendas. Prosseguiu a tropa para Serra Branca, tendo sido acompanhada por Francisco Lantyer. Após breve descanso seguiu para Tanquinho onde fez alto para pernoite. No dia seguinte pela manhã a soldadesca se pôs novamente em marcha chegando em Cansanção ao meio-dia, conforme informação de José Ambrósio Modesto e Domingos Manoel de Jesus, fundadores e moradores do local.
Moreira César prosseguiu para Monte Santo e daí investiu com o propósito anunciado de tomar Canudos de assalto. Deu-se o tremendo desastre com
todas as consequências já por demais conhecidas.

Fonte: (Nonato Marques. Santo Antônio das Queimadas. pag. 106/107)


A professora Anfrísia Santiago, criteriosa pesquisadora, ouvira, em Salvador, que D. Alzira de Freitas, viúva do oficial médico Alfredo de Freitas, irmão do jurista e parlamentar José Augusto de Freitas, estivera, de luto fechado na gare da estrada de ferro, por ocasião da partida de Moreira César para Queimadas (1897).
Dissera, então, entre lágrimas: “Irás, mas não voltarás”. O esposo fora uma das vítimas do coronel Moreira César, em Santa Catarina. Aquelas palavras teriam sido uma praga ou um anúncio do que ia acontecer?

Fonte: http://josecalasans.com/downloads/artigos/27.pdf

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